Estudo estima população exposta a risco de tsunami em Lisboa
Trabalho inédito de Sérgio Freire pode ter grande utilidade para a Protecção Civil
2011-05-09Por Carla Sofia Flores A susceptibilidade de inundação por tsunami adjacente à faixa costeira e às zonas ribeirinhas na Área Metropolitana de Lisboa (AML) é já conhecida e confirmada com várias ocorrências deste fenómeno natural no passado, nomeadamente em 1755, 1756 e1941. No entanto, nunca tinha sido feito um mapeamento e avaliação adequados dos riscos naturais que considerassem a população potencialmente exposta a essa eventualidade.
Sérgio Freire, investigador do Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional (e-GEO), da Universidade Nova de Lisboa, é o autor de um estudo inédito em que se estima a população da AML que pode ser afectada com este fenómeno natural nos períodos nocturno e diurno. Trata-se de um trabalho com grande utilidade no domínio da Protecção Civil, que poderá utilizar a seu favor esta informação "até agora inexistente em Portugal”.
Em declarações ao “Ciência Hoje”, o investigador alertou que, hoje em dia, um fenómeno desta tipologia seria muito mais devastador do que o maremoto de 1755, por exemplo. “Actualmente, Lisboa tem muito mais população”, pelo que “está muito mais gente exposta a esse risco do que em 1755", época em que “não havia tantas actividades nessa área”, advertiu. O trabalho de Sérgio Freire, em colaboração com Christoph Aubrecht, investigador do Austrian Institute of Technology (Áustria), avaliou os movimentos pendulares, que "variam significativamente” entre o dia e a noite, nos concelhos da AML, por razões de trabalho ou estudo.
A quantidade de pessoas presente no concelho de Lisboa no período diurno chega a ser 60 por cento superior à sua população residente, sendo que a distribuição espacial também varia. Contudo, estes dados não são registados pelos Census de 2001, os últimos disponíveis, pelo que não havia dados detalhados sobre esta matéria.
Assim sendo, para mapear a distribuição populacional no período diurno, “consideram-se os usos do solo que correspondem aos principais tipos de actividades - comércio, indústria, serviços - , bem como os movimentos pendulares inter-concelhios efectuados por razões de trabalho e de estudo, de forma a aproximar a situação que se verifica num dia útil típico”.
Os investigadores português e austríaco tiveram de combinar a cartografia já existente sobre susceptibilidade de inundação por tsunami com um novo modelo de distribuição espácio-temporal da população,numa análise realizada com recurso a um sistema de informação geográfica (SIG).
Os resultados preliminares deste trabalho, que será amanhã apresentado na “VIII International Conference on Information Systems for Crisis Response and Management” (ISCRAM 2011), em Lisboa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), indicam que há um “número significativo de pessoas que reside, trabalha ou estuda em zonas susceptíveis de inundação em caso de tsunami”. Este corresponde a oito por cento da população residente na AML e a 16 por cento da distribuição populacional diurna.
O período diurno é aquele que apresenta maior risco, visto que são 400 mil as pessoas potencialmente expostas a este fenómeno natural, enquanto durante a noite esse valor reduz-se para metade. Além disso, este aumento populacional é mais significativo nas zonas de susceptibilidade elevada, o que corresponde a um factor de aumento superior a 2,5 vezes.Estudo útil à Protecção Civil
A Protecção Civil é, na opinião de Sérgio Freire, uma das entidades que mais pode beneficiar deste estudo, pois “uma melhor caracterização de exposições e vulnerabilidades humanas e, consequentemente, do risco” pode ser "uma grande contribuição” para se desenharem o planeamento de emergência, a mitigação do risco e a resposta a uma ocorrência. Além disso, estes dados podem ser úteis nos domínios do planeamento e ordenamento do território, para estudos ambientais e de saúde e em matéria de defesa e segurança nacional.
O investigador do e-Geo lembrou que o número de pessoas situadas na zona de susceptibilidade “não tem relação directa com o número potencial de vítimas”, pois descobrir este valor exige o recurso a outro tipo de dados e análises, que não foram ainda realizadas. A modelação de Sérgio Freire não contemplou também a população potencialmente afectada por efeitos secundários e indirectos, tais como incêndios, impedimento de vias de comunicação ou perturbação no fornecimento de serviços essenciais como água e electricidade.
Este projecto ainda não está terminado e terá futuros desenvolvimentos, em colaboração com o German Aerospace Center (DLR). Desta forma, serão gerados cenários de evacuação da população, bem como modelação mais pormenorizada da distribuição espácio-temporal da população. Os dados dos Censos 2011, quando estiverem disponíveis, vão também permitir actualizar os resultados até agora anunciados.
______________________________________
União Europeia quer combater perda de biodiversidade
Foram ontem apresentadas seis medidas que deverão ser cumpridas até 2020
2011-05-04
A Comissão Europeia apresentou ontem, em Bruxelas, uma estratégia para melhorar o estado de biodiversidade na Europa durante os próximos dez anos. Esta pretende implantar um maior controlo das espécies invasoras que estão na origem da perda de biodiversidade, como explicou Janez Potočnik , comissário europeu para o Meio Ambiente.Na Europa, “a biodiversidade está em crise com a extinção de espécies a atingir níveis elevados”. Muitos ecossistemas estão a degradar-se ao ponto de “já não serem capazes de proporcionar a grande variedade de elementos dos quais dependemos – desde água e ar limpos até à polinização de culturas”.O comissário considera que esta “degradação” representa uma “enorme perda tanto a nível social como económico”. A polinização por insectos, por exemplo, que está em acentuado declínio, tem um valor económico estimado em 15 mil milhões de euros por ano na União Europeia (EU). A nível global, diz Potočnik , “a situação não é menos preocupante”.A estratégia adoptada, além de se destacar pelo controlo de espécies invasivas, apresenta outras medidas importantes. A eficaz implementação da legislação já existente e de uma rede de protecção das reservas naturais é um dos pontos essenciais.A UE quer também “melhorar e restaurar ecossistemas e promover o uso da infra-estruturas verdes”, garantir a “sustentabilidade da agricultura e das actividades florestais”, salvaguardar e “proteger os stocks de peixe europeus” e intensificar a contribuição __________________________________
Cientistas querem chegar ao manto terrestre nos próximos dez anos
Nos próximos cinco anos serão analisadas três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para perfurações
2011-04-01Depois do abandono do projecto Mohole, realizado no início dos anos 60 e que tinha como objectivo chegar ao manto terrestre, os cientistas falam agora da hipótese de o retomarem.
Na revista «Nature», a propósito do 50º aniversário do Mohone, os investigadores Damon Teagle, da Universidade de Southampton (Reino Unido) e Benoît Ildefonse, da Universidade de Montpellier (França), afirmaram que as tecnologias de hoje já permitem realizar perfurações para serem obtidas amostras do manto da Terra. Os trabalhos poderiam desenrolar-se no espaço de uma década. O manto é a camada que se encontra entre a crosta e o núcleo e que constitui a maior parte do planeta (vai de 30 a 60 quilómetros abaixo dos continentes, mas apenas seis abaixo dos oceanos, até ao núcleo, que se encontra a 2890 quilómetros). A sua análise seria muito importante para se conhecer melhor as origens e a evolução do planeta.
A ideia da investigação partiu de um grupo de geocientistas, em 1957. Patrocinado por uma comissão especial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, o projecto Mohole tinha como objectivo perfurar a crosta debaixo do mar até se chegar ao manto. Foram realizados, em 1961, cinco buracos na costa da Ilha de Guadalupe (México), mas só foi possível alcançar 183 metros de profundidade, o terço do desejado. Ainda assim, as amostras revelaram-se valiosas, fornecendo informações sobre o Mioceno.
Depois do perfurador, que utilizava diamantes para conseguir furar a rocha, se ter partido, o projecto foi abandonado pelos financiadores. Agora, os cientistas querem recuperá-lo e anunciaram já que durante os próximos cinco anos vão realizar medições em três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para futuras perfurações, as costas do Havai, da Baixa Califórnia (México) e da Costa Rica.
Este projecto vai utilizar, possivelmente, uma tecnologia japonesa chamada Chikyu. Os investigadores afirmam que será preciso muito dinheiro para levar a cabo as experiências, mas “não tanto como enviar um foguetão à Lua”.______________________________
A imperfeição da Terra a uma precisão inédita
ESA divulga dados do satélite GOCE
2011-04-04
A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou os resultados do satélite GOCE. As medições tiveram uma precisão inédita das variações da gravidade da Terra. Segundo os avanços feitos pela agência, o nosso planeta não é assim tão redondo e está cheio de defeitos.
A missão está financiada até 2012, mas dada a sua excepcional exactidão, os investigadores estão a tentar uma extensão até 2014, já que o satélite está dotado de um pequeno motor de propulsão iónico que permite guardar uma altitude constante e dispõe ainda de combustível suficiente para aumentar o prazo.
A imagem transmitida mostra um tipo de esfera ideal de um oceano global livre das influências das marés e correntes, é a mais perfeita representação da variação do campo de gravidade no planeta e fundamental para o estudo da circulação dos oceanos, alterações no nível do mar e a dinâmica das placas de gelo, todas afectadas pelas mudanças climáticas. Em amarelo estão as áreas onde o satélite mediu uma maior aceleração da gravidade, enquanto em azul estão as regiões com menor aceleração.
“Está na hora de usar os dados do GOCE na ciência e em aplicações e estou particularmente excitado com os primeiros resultados oceanográficos”, disse o professor Reiner Rummel, ex-chefe do Instituto de Astronomia e Física Geodésica da Technische Universität München, onde a ESA realiza seu quarto seminário internacional sobre as aplicações do satélite.
O GOCE irá fornecer padrões dinâmicos da topografia e circulação dos oceanos com qualidade e resolução inéditas. Os resultados ajudarão a melhorar a percepção da dinâmica dos oceanos do mundo. Dois anos em órbita resultaram num modelo único do geóide – a superfície de um oceano global, num cenário de ausência de marés ou corrente, definido exclusivamente pela gravidade.
Novos avanços
O geoide do GOCE pode ajudar a fazer novos avanços sobre os oceanos e o clima, além da compreensão sobre a estrutura interna da Terra. Os dados do satélite sobre a gravidade, por exemplo, podem auxiliar a formar um maior entendimento sobre os processos que causam terramotos como o que atingiu o Japão recentemente. Como o abalo foi causado pelo movimento de placas tectónicos sob a superfície do mar, ele não pode ser observado directamente do espaço, mas os tremores deixam "assinaturas" nos dados sobre a gravidade que podem ser usados para identificar os processos que levam à ocorrência desses desastres naturais e, eventualmente, ajudar a prevê-los.
Lançado em Março de 2009, o GOCE já recolheu mais de 12 meses de dados sobre o campo de gravidade terrestre. A missão do GOCE é pioneira em vários pontos na ciência de observação da Terra. Tem seis acelerómetros altamente sensíveis que medem a gravidade em três dimensões e tem o primeiro gradiómetro a ir para o espaço.
O satélite também orbita o planeta na mais baixa altitude entre os satélites de observação de forma a conseguir os melhores dados sobre a gravidade da Terra. Além disso, usa um inovador motor de iões que gera pequenas forças para compensar a desaceleração provocada pela sua passagem pelas camadas restantes da atmosfera
_________________________________
Produção alimentar ameaçada por alterações climáticas
FAO considera impacto “potencialmente catastrófico”
2011-04-01
“Lidar com alterações de longo prazo depois de serem realidade não faz muito sentido. Temos de apoiar a agricultura já hoje no mundo em desenvolvimento para nos tornarmos mais resistentes”, disse Müller.
Alterações na temperatura, precipitação, pestes e doenças podem reduzir a produção, deixando particularmente vulneráveis países que dependem de importações alimentares. A FAO sugere uma série de medidas para assegurar a segurança alimentar, nomeadamente o desenvolvimento de variedades de alimentos básicos melhor adaptadas às condições climáticas futuras.
O material genético de plantas deve ser analisado tendo em vista as exigências futuras e novos recursos genéticos vegetais devem ser recolhidos e estudados, dado o risco de poderem vir a desaparecer, recomenda ainda.____________________
Vento pode impedir que as montanhas cresçam
Estudo publicado na GSA Today
2011-03-29
Equipa de investigadores da Universidade de Arizona-led afirmam que o vento é uma força muito mais poderosa na evolução das montanhas do que se pensava.
As alterações climáticas têm um impacto “potencialmente catastrófico” sobre a produção alimentar futura dos países em desenvolvimento, alertou a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) das Nações Unidas.
“Actualmente, o mundo está mais focado em lidar com os impactos de mais curto prazo, causados principalmente por acontecimentos meteorológicos extremos. É absolutamente necessário, mas espera-se que os impactos menos bruscos tragam mudanças mais profundas”, afirmou Alexander Müller, director-geral adjunto da FAO.
Falando na Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, o responsável da organização para os recursos naturais adiantou que o impacto das alterações menos bruscas sobre a agricultura são “potencialmente desastrosos" para a segurança alimentar no período de 2050 a 2100.
Filtro inovador para purificar água em situações de emergência
Material é composto por papel absorvente e nanopartículas de prata
2011-03-01
Na Ásia Central, na zona de Bedrock onde se poderiam ter formado montanhas, foi tudo reduzido a areia, segundo o autor do estudo, Paulo Kapp. “Ninguém pensou que o vento poderia ser tão eficaz”, afirmou o professor de Geociências. “Não se lê nos livros que o vento é um processo importante em termos de quebra de material rochoso”, acrescentou. Até hoje, apenas os rios e glaciares eram exemplos conhecidos de forças que desgastam montanhas e influenciam a sua evolução.
O trabalho dos investigadores, intitulado ‘Wind erosion in the Qaidam basin, central Asia: implications for tectonics, paleoclimate, and the source of the Loess Plateau’, foi publicado na edição de Abril e Maio da GSA Today.
A equipa estima que o vento pode ser de 10 a 100 vezes mais eficaz na erosão montanhas do que se acreditava anteriormente.
Os geocientistas descobriram que o vento pode esculpir rochas através do estudo de gigantescas cristas de rocha formadas pelo vento, chamadas de yardangs.
A investigação inicial da equipa foi realizada através de mapas geológicos da região e imagens de satélite do Google Earth. Então Kapp e sua equipa foram até à Bacia Qaidam, na Ásia Central, para recolher mais informações sobre yardangs, a história da erosão do vento e da poeira.
“Consideramos que, durante os glaciais, quando é mais frio e seco, há uma erosão do vento severa na bacia Qaidam e o pó é empurrado e depositado na direcção do Planalto de Loess”, afirmou Paulo Kapp. O termo ‘loess’ refere-se a depósitos de sedimentos transportados pelo vento. Parte do Midwest, nos EUA, tem grandes depósitos de ‘loess’.
Como explicou o cientista, “até 3000 mil anos atrás, a bacia encheu-se de sedimentos. Então, como um interruptor, o vento virou e os sedimentos na bacia foram soprados para longe”.
Conhecido como o ‘celeiro da China’, o Planalto de Loess é a maior reserva de poeira no planeta Terra. Os cientistas pensavam que a maioria da poeira vinha do deserto de Gobi. Mas Paulo Kapp e colegas sugerem que mais de metade da poeira veio da Bacia de Qaidam. Um dos co-autores do estudo, Pelletier, criou um modelo de computador indicando que a poeira da bacia pode ter formado o planalto.
Actualmente, o vento não tem esses efeitos porque o clima é diferente, explicou Paulo Kapp. Portanto, desde a última Idade do Gelo que terminou há 11 mil anos atrás, os ventos têm soprado a partir do deserto de Gobi em direcção ao Planalto de Loess. Já durante os períodos glaciais, os ventos sopram da bacia Qaidam em direcção ao Planalto de Loess.
Desastres naturais como cheias, tsunamis e terramotos resultam muitas vezes na propagação de doenças que derivam da escassez de água potável. Para minimizar este problema, investigadores da Universidade McGill, no Canadá, desenvolveram um filtro de papel, de baixo custo e portátil, revestido com nanopartículas de prata para ser utilizado nestes contextos de emergência.
De acordo com Derek Gray, investigador do Departamento de Química da universidade canadiana que liderou o estudo, foi a primeira vez que se recorreu ao metal, já utilizado para combater bactérias, para limpar a água de uma forma sistemática.Um artigo publicado no "Journal of Environmental Science & Technology" indica que a equipa de cientistas revestiu folhas de papel absorvente poroso com uma camada de 5,5 milímetros de nanopartículas de prata.
De seguida, depositaram bactérias vivas e, através de um microscópio electrónico, verificaram que, para além das nanopartículas de prática ficarem retidas no papel, o filtro é capaz de matar quase todas as bactérias e tornar a água potável, de acordo com os padrões estabelecidos pela Agência de Protecção Ambiental Americana (EPA).
Este filtro para a purificação da água não foi concebido para ser utilizado no quotidiano, mas como uma forma de prestar assistência rápida e em pequena escala em situações de emergência. Apesar de ter funcionado no laboratório, Derek Gray alertou para a necessidade de serem feitos testes em campo.
_______________________
O mau tempo do dia 15 de Fevereiro obrigou a que o roteiro da visita de estudo arranjado pelo curso de gestão do Ambiente fosse um pouco alterado. O roteiro passou a incluir como ponto de paragem um lugar classificado como uma das 7 Maravilhas de Portugal; a sugestão foi visitar as famosas grutas de Mira de Aire.
* André Antunes, de 18 anos, é aluno do 12º ano da Escola Profissional Agricola Conde de S.Bento, em Braga Num primeiro contacto tímido, mas de grande curiosidade, as turmas do 1º e do 2º ano do curso Técnico de Gestão do Ambiente – curso este que engloba um vasto leque de disciplinas ligadas às boas práticas ambientais, como por exemplo Conservação da Natureza, Ordenamento do Território, Biologia e Geologia etc…- da escola Profissional Agrícola Conde de S.Bento foram entrando para dentro daquilo que é a maior gruta do país.
É a maior gruta turística de Portugal com mais de 11 quilómetros de extensão conhecidos, apenas 600 metros estão abertos ao público. A profundidade máxima da visita é de 110 metros. Foi descoberta por quatro habitantes da vila de Mira de Aire que desceram para procurar água e só foi aberta ao público uns anos mais tarde.Lá dentro a chuva cai, não das nuvens, mas, das pedras húmidas. A água infiltra-se nas fendas do calcário e escorre até á gruta onde depois se precipita para o chão da mesma. No seu interior a temperatura é amena todo o ano permitindo assim, mesmo em tempo de muito frio, que esta permaneça desejavel de se visitar. Da entrada até ao fim do percurso existem inúmeras escadas que proporcionam a oportunidade de que muitos ansiavam para conhecer o interior da terra, esta descida é feita na companhia de luzes e formas que espantam mesmo os menos admiráveis.
A gruta no seu todo, para além de ser um pólo turístico é também um pólo científico, sendo a visita acompanhada por pesquisadores ligados à geologia que lhe descobrem as entranhas e desvendam nomes para caracterizar as bizarras formas que são encontradas pelo caminho fora.
Do tecto da gruta descem estalactites, nascidas dos minerais dissolvidos na água que se infiltra na rocha, são esses mesmos minerais que fazem crescer as estalactites, o que sobra, pinga no chão e dá vida a outra estrutura cavernícola, as estalagmites. Estas crescem de baixo para cima, no entanto o processo é mais lento do que o das estalactites, à média de um milímetro por século.
A vida animal também é comum. Há registos de aranhas e enguias que foram avistadas por turistas. No entanto são pouco frequentes.
A aposta do curso nesta visita foi um mais-valia – “O espanto e excitação, não faltaram, gostei muito.”- afirmação proferida por um dos elementos do curso do 3º ano que não hesitou em expressar a sua opinião, que, no gera,l foi idêntica.
_________________________________________________
Vejam porque não tem alagamento em Tóquio ....
Anualmente uns 25 tufões assolam o território japonês.
Desses, dois ou três atingem Tóquio em cheio,
com chuvas fortíssimas durantre várias horas ou até um dia inteiro.
Mas nem por isso ocorrem enchentes ou alagamentos na cidade.
Por que será? Veja as explicações abaixo.
Subterrâneos de Tóquio
O subsolo de Tóquio alberga uma fantástica infraestrutura cujo aspecto se assemelha ao cenário de um jogo de computador ou a um templo de uma civilização remota. Cinco poços de 32 m de diâmetro por 65 m de profundidade interligados por 64 Km de túneis formam um colossal sistema de drenagem de águas pluviais destinado a impedir a inundação da cidade durante a época das chuvas.
A dimensão deste complexo subterrâneo desafia toda a imaginação. É uma obra de engenharia sofisticadíssima realizada em betão, situada 50 m abaixo do solo, fato extraordinário num país constantemente sujeito a abalos sísmicos e onde quase todas as infraestruturas são aéreas. A sua função é não apenas acumular as águas pluviais como também evacuá-las em direção a um rio, caso seja necessário. Para isso dispõe de 14.000 HP de turbinas capazes de bombear cerca de 200 t de água por segundo para o exterior.
____________________________________________
Manifesto ABGE - Núcleo MGEste documento foi escrito por Cláudia de Sanctis Viana, Edézio Teixeira de Carvalho, Luís Bacellar e Maria Giovana Parizzi, geólogos, presentes na sede da empresa GEOLURB Geologia Urbana e de Reabilitação Ltda, à avenida Getúlio Vargas, 668 Sala 1201, em Belo Horizonte, todos geólogos, em reunião secretariada por Fábio Henrique Dias Leite, também geólogo. Participaram da elaboração do documento os também geólogos Eduardo Antonio Gomes Marques, Frederico Garcia Sobreira e Leonardo Andrade de Souza, mediante o envio de contribuições prévias, todos sócios da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental ABGE. Todos estiveram por diversas ocasiões e canais em conexão com a comunidade geológica dos vizinhos estados de São Paulo e Rio de Janeiro acompanhando e participando das confabulações em torno dos catastróficos episódios de deslizamentos de terras, corridas de lama e inundações ocorridos na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, em especial nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis; de inundações que mais uma vez atingiram duramente a capital e outras cidades de São Paulo e cidades da região Sul do Estado de Minas Gerais, atingidas também por grandes inundações.
Manifestam, portanto: Irrestrita solidariedade às comunidades atingidas, pertencentes ou não aos domínios geográficos citados; encontram-se em permanente comunhão com todos os esforços em desenvolvimento nos citados centros e em outros espalhados pelo país, que objetivem o esclarecimento da sociedade brasileira a respeito de aspectos geológicos condicionantes ou determinantes dessas ocorrências catastróficas; participam da tomada de posição em relação a eventuais omissões de órgãos de governo que tenham contribuído para a maior gravidade das consequências; encaminham sua contribuição em direção a drásticas mudanças nos procedimentos das autoridades da União, Estados e Municípios em relação à gestão do RISCO GEOLÓGICO em suas diversas manifestações.
Estando cientes de que episódios como os aqui tratados ocorrem regularmente no território brasileiro, de longa data, inclusive já com cobertura abundante da imprensa, a exemplo dos de 1966/67, atingindo o Rio de Janeiro e a região serrana fluminense, os signatários não reconhecem relação de causa e efeito necessária entre mudanças globais do tipo aquecimento antrópico e esses episódios.
Reconhecem, todavia, como fatores do aumento da gravidade das conseqüências desses episódios:
• O crescimento rápido da população urbana em parte proveniente de migrações interregionais;
• os procedimentos eminentemente burocráticos dos processos de parcelamento e uso do solo, baseados em legislação inadequada e em parte na inobservância ou equivocada interpretação da lei;
• a ausência quase total de serviços geológicos contínuos nas esferas estaduais e municipais;
• as graves deficiências de formação cultural básica, caracterizadas por generalidades de natureza ambiental sem fundamentação geológica;
• o profundo desencontro entre a Humanidade e a Terra, proveniente dessas deficiências, que impedem a consideração de que esta é constituída de componentes permanente (arcabouço mineral), transitório (flora e fauna) e itinerante (água), cada um deles idealmente devendo ter tratamentos inerentes a suas naturezas e estados de agregação;
• Em relação ao componente itinerante acima, a gestão urbana da água praticamente reduzida às dimensões suprimento e drenagem, impedindo a exploração de possibilidades geológicas fecundas
• as graves carências de cunho sócio-econômico de grande parte da população;
Diante do acima exposto, e considerando as amplas possibilidades de contribuição do conhecimento geológico para que sejam drasticamente reduzidas as graves perdas materiais e humanas que acidentes geológicos previsíveis têm provocado, resolvem, assim, propor à sociedade brasileira em geral e às autoridades públicas em particular, dos poderes legislativo, executivo e judiciário, no que couber a cada um, as seguintes medidas:
1) Determinação de remoção, em prazo a ser tecnicamente definido, de assentamentos geologicamente considerados inviáveis, com reassentamento em áreas reconhecidas como seguras em estudos geológicos adequados nos termos da Lei 6766/79;
2) Implantação de intervenções geotécnicas e de urbanização nas áreas onde as situações de risco forem passíveis de minimização
3) Estabelecimento, em lei, de indenização em rito sumário por morte comprovada em acidente geológico, tomando por referência os níveis de indenização praticados internacionalmente, e por perdas materiais igualmente comprovadas indenização em rito normal, baseando-se em valores de mercado, e condicionada à comprovação de inexistência de dolo por parte dos postulantes, sujeito às penas da lei;
4) Revisão da legislação de ordenamentos territoriais, especialmente do Código Florestal, quanto à sua aplicação ao meio urbano, considerada incompatível com a natureza particular da Cidade, em especial por dispensar e até impedir a aplicação contextualizada do conhecimento geológico, além de gerar a formação de corpos de água potencialmente insalubres e estimuladores da propagação de vetores;
5) Implantação de um sistema nacional de controle do risco geológico centrado no governo Federal, com ramificações estaduais e municipais vinculadas, à semelhança do Sistema Único de Saúde SUS, do qual constem, obrigatoriamente, pelo menos:
a) Programa articulado entre União, Estados e Municípios de levantamento geral de todos os documentos da cartografia temática relacionada, existentes no Brasil, Estados e Municípios e sua catalogação e geração de arquivos digitais para consulta de modo a comporem um banco de dados acessível aos encarregados de estudos locais;
b) Organização de banco de dados meteorológicos, climatológicos, de cartografia básica e temática em escalas reais apropriadas aos estudos regionais e locais, tornando-os, não importa sua fonte geradora, exceto os de confidencialidade garantida por lei, disponíveis para a consulta técnica local;
c) Estabelecimento de linhas de pesquisa geral ou vinculadas a particularidades regionais em programas de cooperação com universidades e centros de pesquisa conforme as suas vocações naturais e qualificação dos respectivos recursos humanos;
d) Criação de serviços geológicos estaduais; nos moldes dos já existentes, criação e aparelhamento de departamentos relacionados ao risco geológico conforme as suas manifestações regionais vinculadas aos aspectos geológicos, fisiográficos, vegetais e climáticos;
e) Garantia a todos os municípios de pequeno porte territorial e de população, por agrupamentos municipais, do serviço geológico local em permanente conexão técnico-científica com o serviço federal e o estadual.
Finalmente os signatários conferem o necessário realce ao caráter complementar e organicamente integrado das medidas propostas, inclusive a indenização em rito sumário, cada uma delas essencial ao melhor êxito do programa em benefício da população brasileira.
Belo Horizonte, 16 de fevereiro de 2010
Cláudia de Sanctis Viana
Edézio Teixeira de Carvalho
Eduardo Antonio Gomes Marques
Frederico Garcia Sobreira
Leonardo Andrade de Souza
Luís Bacellar
Maria Giovana Parizzi
Fábio Henrique Dias Leite – Secretário
_____________________________________
Vem chuva grossa aí
Nada melhor para prevenir o futuro, do que entender o passado. Foi olhando para o histórico de aumento de temporais e nevascas extremas no Hemisfério Norte que cientistas puderam concluir que a maior incidência está intimamente ligada ao aquecimento global. Logo, tem mão do homem aí.
O estudo, publicado na renomada revista científica Nature, indica ainda que os modelos aplicados podem estar subestimando a força das mudanças climáticas nos níveis de chuva. O que significa que as enchentes podem se intensificar além do previsto, caso a temperatura siga aumentando no ritmo em que está.
Deslizamentos sucessivos de terra após temporal atípico matam quase 900 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011. Foto: Greenpeace/Lunaé Parracho
Estudo estima população exposta a risco de tsunami em Lisboa
Trabalho inédito de Sérgio Freire pode ter grande utilidade para a Protecção Civil
2011-05-09Por Carla Sofia Flores A susceptibilidade de inundação por tsunami adjacente à faixa costeira e às zonas ribeirinhas na Área Metropolitana de Lisboa (AML) é já conhecida e confirmada com várias ocorrências deste fenómeno natural no passado, nomeadamente em 1755, 1756 e1941. No entanto, nunca tinha sido feito um mapeamento e avaliação adequados dos riscos naturais que considerassem a população potencialmente exposta a essa eventualidade.
Sérgio Freire, investigador do Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional (e-GEO), da Universidade Nova de Lisboa, é o autor de um estudo inédito em que se estima a população da AML que pode ser afectada com este fenómeno natural nos períodos nocturno e diurno. Trata-se de um trabalho com grande utilidade no domínio da Protecção Civil, que poderá utilizar a seu favor esta informação "até agora inexistente em Portugal”.
Em declarações ao “Ciência Hoje”, o investigador alertou que, hoje em dia, um fenómeno desta tipologia seria muito mais devastador do que o maremoto de 1755, por exemplo. “Actualmente, Lisboa tem muito mais população”, pelo que “está muito mais gente exposta a esse risco do que em 1755", época em que “não havia tantas actividades nessa área”, advertiu. O trabalho de Sérgio Freire, em colaboração com Christoph Aubrecht, investigador do Austrian Institute of Technology (Áustria), avaliou os movimentos pendulares, que "variam significativamente” entre o dia e a noite, nos concelhos da AML, por razões de trabalho ou estudo.
A quantidade de pessoas presente no concelho de Lisboa no período diurno chega a ser 60 por cento superior à sua população residente, sendo que a distribuição espacial também varia. Contudo, estes dados não são registados pelos Census de 2001, os últimos disponíveis, pelo que não havia dados detalhados sobre esta matéria.
Assim sendo, para mapear a distribuição populacional no período diurno, “consideram-se os usos do solo que correspondem aos principais tipos de actividades - comércio, indústria, serviços - , bem como os movimentos pendulares inter-concelhios efectuados por razões de trabalho e de estudo, de forma a aproximar a situação que se verifica num dia útil típico”.
Os investigadores português e austríaco tiveram de combinar a cartografia já existente sobre susceptibilidade de inundação por tsunami com um novo modelo de distribuição espácio-temporal da população,numa análise realizada com recurso a um sistema de informação geográfica (SIG).
Os resultados preliminares deste trabalho, que será amanhã apresentado na “VIII International Conference on Information Systems for Crisis Response and Management” (ISCRAM 2011), em Lisboa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), indicam que há um “número significativo de pessoas que reside, trabalha ou estuda em zonas susceptíveis de inundação em caso de tsunami”. Este corresponde a oito por cento da população residente na AML e a 16 por cento da distribuição populacional diurna.
O período diurno é aquele que apresenta maior risco, visto que são 400 mil as pessoas potencialmente expostas a este fenómeno natural, enquanto durante a noite esse valor reduz-se para metade. Além disso, este aumento populacional é mais significativo nas zonas de susceptibilidade elevada, o que corresponde a um factor de aumento superior a 2,5 vezes.Estudo útil à Protecção Civil
A Protecção Civil é, na opinião de Sérgio Freire, uma das entidades que mais pode beneficiar deste estudo, pois “uma melhor caracterização de exposições e vulnerabilidades humanas e, consequentemente, do risco” pode ser "uma grande contribuição” para se desenharem o planeamento de emergência, a mitigação do risco e a resposta a uma ocorrência. Além disso, estes dados podem ser úteis nos domínios do planeamento e ordenamento do território, para estudos ambientais e de saúde e em matéria de defesa e segurança nacional.
O investigador do e-Geo lembrou que o número de pessoas situadas na zona de susceptibilidade “não tem relação directa com o número potencial de vítimas”, pois descobrir este valor exige o recurso a outro tipo de dados e análises, que não foram ainda realizadas. A modelação de Sérgio Freire não contemplou também a população potencialmente afectada por efeitos secundários e indirectos, tais como incêndios, impedimento de vias de comunicação ou perturbação no fornecimento de serviços essenciais como água e electricidade.
Este projecto ainda não está terminado e terá futuros desenvolvimentos, em colaboração com o German Aerospace Center (DLR). Desta forma, serão gerados cenários de evacuação da população, bem como modelação mais pormenorizada da distribuição espácio-temporal da população. Os dados dos Censos 2011, quando estiverem disponíveis, vão também permitir actualizar os resultados até agora anunciados.
______________________________________
União Europeia quer combater perda de biodiversidade
Foram ontem apresentadas seis medidas que deverão ser cumpridas até 2020
2011-05-04
A Comissão Europeia apresentou ontem, em Bruxelas, uma estratégia para melhorar o estado de biodiversidade na Europa durante os próximos dez anos. Esta pretende implantar um maior controlo das espécies invasoras que estão na origem da perda de biodiversidade, como explicou Janez Potočnik , comissário europeu para o Meio Ambiente.Na Europa, “a biodiversidade está em crise com a extinção de espécies a atingir níveis elevados”. Muitos ecossistemas estão a degradar-se ao ponto de “já não serem capazes de proporcionar a grande variedade de elementos dos quais dependemos – desde água e ar limpos até à polinização de culturas”.O comissário considera que esta “degradação” representa uma “enorme perda tanto a nível social como económico”. A polinização por insectos, por exemplo, que está em acentuado declínio, tem um valor económico estimado em 15 mil milhões de euros por ano na União Europeia (EU). A nível global, diz Potočnik , “a situação não é menos preocupante”.A estratégia adoptada, além de se destacar pelo controlo de espécies invasivas, apresenta outras medidas importantes. A eficaz implementação da legislação já existente e de uma rede de protecção das reservas naturais é um dos pontos essenciais.A UE quer também “melhorar e restaurar ecossistemas e promover o uso da infra-estruturas verdes”, garantir a “sustentabilidade da agricultura e das actividades florestais”, salvaguardar e “proteger os stocks de peixe europeus” e intensificar a contribuição __________________________________
Cientistas querem chegar ao manto terrestre nos próximos dez anos
Nos próximos cinco anos serão analisadas três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para perfurações
2011-04-01Depois do abandono do projecto Mohole, realizado no início dos anos 60 e que tinha como objectivo chegar ao manto terrestre, os cientistas falam agora da hipótese de o retomarem.
Na revista «Nature», a propósito do 50º aniversário do Mohone, os investigadores Damon Teagle, da Universidade de Southampton (Reino Unido) e Benoît Ildefonse, da Universidade de Montpellier (França), afirmaram que as tecnologias de hoje já permitem realizar perfurações para serem obtidas amostras do manto da Terra. Os trabalhos poderiam desenrolar-se no espaço de uma década. O manto é a camada que se encontra entre a crosta e o núcleo e que constitui a maior parte do planeta (vai de 30 a 60 quilómetros abaixo dos continentes, mas apenas seis abaixo dos oceanos, até ao núcleo, que se encontra a 2890 quilómetros). A sua análise seria muito importante para se conhecer melhor as origens e a evolução do planeta.
A ideia da investigação partiu de um grupo de geocientistas, em 1957. Patrocinado por uma comissão especial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, o projecto Mohole tinha como objectivo perfurar a crosta debaixo do mar até se chegar ao manto. Foram realizados, em 1961, cinco buracos na costa da Ilha de Guadalupe (México), mas só foi possível alcançar 183 metros de profundidade, o terço do desejado. Ainda assim, as amostras revelaram-se valiosas, fornecendo informações sobre o Mioceno.
Depois do perfurador, que utilizava diamantes para conseguir furar a rocha, se ter partido, o projecto foi abandonado pelos financiadores. Agora, os cientistas querem recuperá-lo e anunciaram já que durante os próximos cinco anos vão realizar medições em três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para futuras perfurações, as costas do Havai, da Baixa Califórnia (México) e da Costa Rica.
Este projecto vai utilizar, possivelmente, uma tecnologia japonesa chamada Chikyu. Os investigadores afirmam que será preciso muito dinheiro para levar a cabo as experiências, mas “não tanto como enviar um foguetão à Lua”.______________________________
A imperfeição da Terra a uma precisão inédita
ESA divulga dados do satélite GOCE
2011-04-04
A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou os resultados do satélite GOCE. As medições tiveram uma precisão inédita das variações da gravidade da Terra. Segundo os avanços feitos pela agência, o nosso planeta não é assim tão redondo e está cheio de defeitos.
A missão está financiada até 2012, mas dada a sua excepcional exactidão, os investigadores estão a tentar uma extensão até 2014, já que o satélite está dotado de um pequeno motor de propulsão iónico que permite guardar uma altitude constante e dispõe ainda de combustível suficiente para aumentar o prazo.
A imagem transmitida mostra um tipo de esfera ideal de um oceano global livre das influências das marés e correntes, é a mais perfeita representação da variação do campo de gravidade no planeta e fundamental para o estudo da circulação dos oceanos, alterações no nível do mar e a dinâmica das placas de gelo, todas afectadas pelas mudanças climáticas. Em amarelo estão as áreas onde o satélite mediu uma maior aceleração da gravidade, enquanto em azul estão as regiões com menor aceleração.
“Está na hora de usar os dados do GOCE na ciência e em aplicações e estou particularmente excitado com os primeiros resultados oceanográficos”, disse o professor Reiner Rummel, ex-chefe do Instituto de Astronomia e Física Geodésica da Technische Universität München, onde a ESA realiza seu quarto seminário internacional sobre as aplicações do satélite.
O GOCE irá fornecer padrões dinâmicos da topografia e circulação dos oceanos com qualidade e resolução inéditas. Os resultados ajudarão a melhorar a percepção da dinâmica dos oceanos do mundo. Dois anos em órbita resultaram num modelo único do geóide – a superfície de um oceano global, num cenário de ausência de marés ou corrente, definido exclusivamente pela gravidade.
Novos avanços
O geoide do GOCE pode ajudar a fazer novos avanços sobre os oceanos e o clima, além da compreensão sobre a estrutura interna da Terra. Os dados do satélite sobre a gravidade, por exemplo, podem auxiliar a formar um maior entendimento sobre os processos que causam terramotos como o que atingiu o Japão recentemente. Como o abalo foi causado pelo movimento de placas tectónicos sob a superfície do mar, ele não pode ser observado directamente do espaço, mas os tremores deixam "assinaturas" nos dados sobre a gravidade que podem ser usados para identificar os processos que levam à ocorrência desses desastres naturais e, eventualmente, ajudar a prevê-los.
Lançado em Março de 2009, o GOCE já recolheu mais de 12 meses de dados sobre o campo de gravidade terrestre. A missão do GOCE é pioneira em vários pontos na ciência de observação da Terra. Tem seis acelerómetros altamente sensíveis que medem a gravidade em três dimensões e tem o primeiro gradiómetro a ir para o espaço.
O satélite também orbita o planeta na mais baixa altitude entre os satélites de observação de forma a conseguir os melhores dados sobre a gravidade da Terra. Além disso, usa um inovador motor de iões que gera pequenas forças para compensar a desaceleração provocada pela sua passagem pelas camadas restantes da atmosfera
_________________________________
Produção alimentar ameaçada por alterações climáticas
FAO considera impacto “potencialmente catastrófico”
2011-04-01
“Lidar com alterações de longo prazo depois de serem realidade não faz muito sentido. Temos de apoiar a agricultura já hoje no mundo em desenvolvimento para nos tornarmos mais resistentes”, disse Müller.
Alterações na temperatura, precipitação, pestes e doenças podem reduzir a produção, deixando particularmente vulneráveis países que dependem de importações alimentares. A FAO sugere uma série de medidas para assegurar a segurança alimentar, nomeadamente o desenvolvimento de variedades de alimentos básicos melhor adaptadas às condições climáticas futuras.
O material genético de plantas deve ser analisado tendo em vista as exigências futuras e novos recursos genéticos vegetais devem ser recolhidos e estudados, dado o risco de poderem vir a desaparecer, recomenda ainda.____________________
Vento pode impedir que as montanhas cresçam
Estudo publicado na GSA Today
2011-03-29
Equipa de investigadores da Universidade de Arizona-led afirmam que o vento é uma força muito mais poderosa na evolução das montanhas do que se pensava.
As alterações climáticas têm um impacto “potencialmente catastrófico” sobre a produção alimentar futura dos países em desenvolvimento, alertou a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) das Nações Unidas.
“Actualmente, o mundo está mais focado em lidar com os impactos de mais curto prazo, causados principalmente por acontecimentos meteorológicos extremos. É absolutamente necessário, mas espera-se que os impactos menos bruscos tragam mudanças mais profundas”, afirmou Alexander Müller, director-geral adjunto da FAO.
Falando na Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, o responsável da organização para os recursos naturais adiantou que o impacto das alterações menos bruscas sobre a agricultura são “potencialmente desastrosos" para a segurança alimentar no período de 2050 a 2100.
Filtro inovador para purificar água em situações de emergência
Material é composto por papel absorvente e nanopartículas de prata
2011-03-01
Na Ásia Central, na zona de Bedrock onde se poderiam ter formado montanhas, foi tudo reduzido a areia, segundo o autor do estudo, Paulo Kapp. “Ninguém pensou que o vento poderia ser tão eficaz”, afirmou o professor de Geociências. “Não se lê nos livros que o vento é um processo importante em termos de quebra de material rochoso”, acrescentou. Até hoje, apenas os rios e glaciares eram exemplos conhecidos de forças que desgastam montanhas e influenciam a sua evolução.
O trabalho dos investigadores, intitulado ‘Wind erosion in the Qaidam basin, central Asia: implications for tectonics, paleoclimate, and the source of the Loess Plateau’, foi publicado na edição de Abril e Maio da GSA Today.
A equipa estima que o vento pode ser de 10 a 100 vezes mais eficaz na erosão montanhas do que se acreditava anteriormente.
Os geocientistas descobriram que o vento pode esculpir rochas através do estudo de gigantescas cristas de rocha formadas pelo vento, chamadas de yardangs.
A investigação inicial da equipa foi realizada através de mapas geológicos da região e imagens de satélite do Google Earth. Então Kapp e sua equipa foram até à Bacia Qaidam, na Ásia Central, para recolher mais informações sobre yardangs, a história da erosão do vento e da poeira.
“Consideramos que, durante os glaciais, quando é mais frio e seco, há uma erosão do vento severa na bacia Qaidam e o pó é empurrado e depositado na direcção do Planalto de Loess”, afirmou Paulo Kapp. O termo ‘loess’ refere-se a depósitos de sedimentos transportados pelo vento. Parte do Midwest, nos EUA, tem grandes depósitos de ‘loess’.
Como explicou o cientista, “até 3000 mil anos atrás, a bacia encheu-se de sedimentos. Então, como um interruptor, o vento virou e os sedimentos na bacia foram soprados para longe”.
Conhecido como o ‘celeiro da China’, o Planalto de Loess é a maior reserva de poeira no planeta Terra. Os cientistas pensavam que a maioria da poeira vinha do deserto de Gobi. Mas Paulo Kapp e colegas sugerem que mais de metade da poeira veio da Bacia de Qaidam. Um dos co-autores do estudo, Pelletier, criou um modelo de computador indicando que a poeira da bacia pode ter formado o planalto.
Actualmente, o vento não tem esses efeitos porque o clima é diferente, explicou Paulo Kapp. Portanto, desde a última Idade do Gelo que terminou há 11 mil anos atrás, os ventos têm soprado a partir do deserto de Gobi em direcção ao Planalto de Loess. Já durante os períodos glaciais, os ventos sopram da bacia Qaidam em direcção ao Planalto de Loess.
Desastres naturais como cheias, tsunamis e terramotos resultam muitas vezes na propagação de doenças que derivam da escassez de água potável. Para minimizar este problema, investigadores da Universidade McGill, no Canadá, desenvolveram um filtro de papel, de baixo custo e portátil, revestido com nanopartículas de prata para ser utilizado nestes contextos de emergência.
De acordo com Derek Gray, investigador do Departamento de Química da universidade canadiana que liderou o estudo, foi a primeira vez que se recorreu ao metal, já utilizado para combater bactérias, para limpar a água de uma forma sistemática.Um artigo publicado no "Journal of Environmental Science & Technology" indica que a equipa de cientistas revestiu folhas de papel absorvente poroso com uma camada de 5,5 milímetros de nanopartículas de prata.
De seguida, depositaram bactérias vivas e, através de um microscópio electrónico, verificaram que, para além das nanopartículas de prática ficarem retidas no papel, o filtro é capaz de matar quase todas as bactérias e tornar a água potável, de acordo com os padrões estabelecidos pela Agência de Protecção Ambiental Americana (EPA).
Este filtro para a purificação da água não foi concebido para ser utilizado no quotidiano, mas como uma forma de prestar assistência rápida e em pequena escala em situações de emergência. Apesar de ter funcionado no laboratório, Derek Gray alertou para a necessidade de serem feitos testes em campo.
Estudo estima população exposta a risco de tsunami em Lisboa
Trabalho inédito de Sérgio Freire pode ter grande utilidade para a Protecção Civil
2011-05-09Por Carla Sofia Flores A susceptibilidade de inundação por tsunami adjacente à faixa costeira e às zonas ribeirinhas na Área Metropolitana de Lisboa (AML) é já conhecida e confirmada com várias ocorrências deste fenómeno natural no passado, nomeadamente em 1755, 1756 e1941. No entanto, nunca tinha sido feito um mapeamento e avaliação adequados dos riscos naturais que considerassem a população potencialmente exposta a essa eventualidade.
Sérgio Freire, investigador do Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional (e-GEO), da Universidade Nova de Lisboa, é o autor de um estudo inédito em que se estima a população da AML que pode ser afectada com este fenómeno natural nos períodos nocturno e diurno. Trata-se de um trabalho com grande utilidade no domínio da Protecção Civil, que poderá utilizar a seu favor esta informação "até agora inexistente em Portugal”.
Em declarações ao “Ciência Hoje”, o investigador alertou que, hoje em dia, um fenómeno desta tipologia seria muito mais devastador do que o maremoto de 1755, por exemplo. “Actualmente, Lisboa tem muito mais população”, pelo que “está muito mais gente exposta a esse risco do que em 1755", época em que “não havia tantas actividades nessa área”, advertiu. O trabalho de Sérgio Freire, em colaboração com Christoph Aubrecht, investigador do Austrian Institute of Technology (Áustria), avaliou os movimentos pendulares, que "variam significativamente” entre o dia e a noite, nos concelhos da AML, por razões de trabalho ou estudo.
A quantidade de pessoas presente no concelho de Lisboa no período diurno chega a ser 60 por cento superior à sua população residente, sendo que a distribuição espacial também varia. Contudo, estes dados não são registados pelos Census de 2001, os últimos disponíveis, pelo que não havia dados detalhados sobre esta matéria.
Assim sendo, para mapear a distribuição populacional no período diurno, “consideram-se os usos do solo que correspondem aos principais tipos de actividades - comércio, indústria, serviços - , bem como os movimentos pendulares inter-concelhios efectuados por razões de trabalho e de estudo, de forma a aproximar a situação que se verifica num dia útil típico”.
Os investigadores português e austríaco tiveram de combinar a cartografia já existente sobre susceptibilidade de inundação por tsunami com um novo modelo de distribuição espácio-temporal da população,numa análise realizada com recurso a um sistema de informação geográfica (SIG).
Os resultados preliminares deste trabalho, que será amanhã apresentado na “VIII International Conference on Information Systems for Crisis Response and Management” (ISCRAM 2011), em Lisboa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), indicam que há um “número significativo de pessoas que reside, trabalha ou estuda em zonas susceptíveis de inundação em caso de tsunami”. Este corresponde a oito por cento da população residente na AML e a 16 por cento da distribuição populacional diurna.
O período diurno é aquele que apresenta maior risco, visto que são 400 mil as pessoas potencialmente expostas a este fenómeno natural, enquanto durante a noite esse valor reduz-se para metade. Além disso, este aumento populacional é mais significativo nas zonas de susceptibilidade elevada, o que corresponde a um factor de aumento superior a 2,5 vezes.Estudo útil à Protecção Civil
A Protecção Civil é, na opinião de Sérgio Freire, uma das entidades que mais pode beneficiar deste estudo, pois “uma melhor caracterização de exposições e vulnerabilidades humanas e, consequentemente, do risco” pode ser "uma grande contribuição” para se desenharem o planeamento de emergência, a mitigação do risco e a resposta a uma ocorrência. Além disso, estes dados podem ser úteis nos domínios do planeamento e ordenamento do território, para estudos ambientais e de saúde e em matéria de defesa e segurança nacional.
O investigador do e-Geo lembrou que o número de pessoas situadas na zona de susceptibilidade “não tem relação directa com o número potencial de vítimas”, pois descobrir este valor exige o recurso a outro tipo de dados e análises, que não foram ainda realizadas. A modelação de Sérgio Freire não contemplou também a população potencialmente afectada por efeitos secundários e indirectos, tais como incêndios, impedimento de vias de comunicação ou perturbação no fornecimento de serviços essenciais como água e electricidade.
Este projecto ainda não está terminado e terá futuros desenvolvimentos, em colaboração com o German Aerospace Center (DLR). Desta forma, serão gerados cenários de evacuação da população, bem como modelação mais pormenorizada da distribuição espácio-temporal da população. Os dados dos Censos 2011, quando estiverem disponíveis, vão também permitir actualizar os resultados até agora anunciados.
______________________________________
União Europeia quer combater perda de biodiversidade
Foram ontem apresentadas seis medidas que deverão ser cumpridas até 2020
2011-05-04
A Comissão Europeia apresentou ontem, em Bruxelas, uma estratégia para melhorar o estado de biodiversidade na Europa durante os próximos dez anos. Esta pretende implantar um maior controlo das espécies invasoras que estão na origem da perda de biodiversidade, como explicou Janez Potočnik , comissário europeu para o Meio Ambiente.Na Europa, “a biodiversidade está em crise com a extinção de espécies a atingir níveis elevados”. Muitos ecossistemas estão a degradar-se ao ponto de “já não serem capazes de proporcionar a grande variedade de elementos dos quais dependemos – desde água e ar limpos até à polinização de culturas”.O comissário considera que esta “degradação” representa uma “enorme perda tanto a nível social como económico”. A polinização por insectos, por exemplo, que está em acentuado declínio, tem um valor económico estimado em 15 mil milhões de euros por ano na União Europeia (EU). A nível global, diz Potočnik , “a situação não é menos preocupante”.A estratégia adoptada, além de se destacar pelo controlo de espécies invasivas, apresenta outras medidas importantes. A eficaz implementação da legislação já existente e de uma rede de protecção das reservas naturais é um dos pontos essenciais.A UE quer também “melhorar e restaurar ecossistemas e promover o uso da infra-estruturas verdes”, garantir a “sustentabilidade da agricultura e das actividades florestais”, salvaguardar e “proteger os stocks de peixe europeus” e intensificar a contribuição __________________________________
Cientistas querem chegar ao manto terrestre nos próximos dez anos
Nos próximos cinco anos serão analisadas três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para perfurações
2011-04-01Depois do abandono do projecto Mohole, realizado no início dos anos 60 e que tinha como objectivo chegar ao manto terrestre, os cientistas falam agora da hipótese de o retomarem.
Na revista «Nature», a propósito do 50º aniversário do Mohone, os investigadores Damon Teagle, da Universidade de Southampton (Reino Unido) e Benoît Ildefonse, da Universidade de Montpellier (França), afirmaram que as tecnologias de hoje já permitem realizar perfurações para serem obtidas amostras do manto da Terra. Os trabalhos poderiam desenrolar-se no espaço de uma década. O manto é a camada que se encontra entre a crosta e o núcleo e que constitui a maior parte do planeta (vai de 30 a 60 quilómetros abaixo dos continentes, mas apenas seis abaixo dos oceanos, até ao núcleo, que se encontra a 2890 quilómetros). A sua análise seria muito importante para se conhecer melhor as origens e a evolução do planeta.
A ideia da investigação partiu de um grupo de geocientistas, em 1957. Patrocinado por uma comissão especial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, o projecto Mohole tinha como objectivo perfurar a crosta debaixo do mar até se chegar ao manto. Foram realizados, em 1961, cinco buracos na costa da Ilha de Guadalupe (México), mas só foi possível alcançar 183 metros de profundidade, o terço do desejado. Ainda assim, as amostras revelaram-se valiosas, fornecendo informações sobre o Mioceno.
Depois do perfurador, que utilizava diamantes para conseguir furar a rocha, se ter partido, o projecto foi abandonado pelos financiadores. Agora, os cientistas querem recuperá-lo e anunciaram já que durante os próximos cinco anos vão realizar medições em três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para futuras perfurações, as costas do Havai, da Baixa Califórnia (México) e da Costa Rica.
Este projecto vai utilizar, possivelmente, uma tecnologia japonesa chamada Chikyu. Os investigadores afirmam que será preciso muito dinheiro para levar a cabo as experiências, mas “não tanto como enviar um foguetão à Lua”.______________________________
A imperfeição da Terra a uma precisão inédita
ESA divulga dados do satélite GOCE
2011-04-04
Estudo estima população exposta a risco de tsunami em Lisboa
Trabalho inédito de Sérgio Freire pode ter grande utilidade para a Protecção Civil
2011-05-09Por Carla Sofia Flores A susceptibilidade de inundação por tsunami adjacente à faixa costeira e às zonas ribeirinhas na Área Metropolitana de Lisboa (AML) é já conhecida e confirmada com várias ocorrências deste fenómeno natural no passado, nomeadamente em 1755, 1756 e1941. No entanto, nunca tinha sido feito um mapeamento e avaliação adequados dos riscos naturais que considerassem a população potencialmente exposta a essa eventualidade.
Sérgio Freire, investigador do Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional (e-GEO), da Universidade Nova de Lisboa, é o autor de um estudo inédito em que se estima a população da AML que pode ser afectada com este fenómeno natural nos períodos nocturno e diurno. Trata-se de um trabalho com grande utilidade no domínio da Protecção Civil, que poderá utilizar a seu favor esta informação "até agora inexistente em Portugal”.
Em declarações ao “Ciência Hoje”, o investigador alertou que, hoje em dia, um fenómeno desta tipologia seria muito mais devastador do que o maremoto de 1755, por exemplo. “Actualmente, Lisboa tem muito mais população”, pelo que “está muito mais gente exposta a esse risco do que em 1755", época em que “não havia tantas actividades nessa área”, advertiu. O trabalho de Sérgio Freire, em colaboração com Christoph Aubrecht, investigador do Austrian Institute of Technology (Áustria), avaliou os movimentos pendulares, que "variam significativamente” entre o dia e a noite, nos concelhos da AML, por razões de trabalho ou estudo.
A quantidade de pessoas presente no concelho de Lisboa no período diurno chega a ser 60 por cento superior à sua população residente, sendo que a distribuição espacial também varia. Contudo, estes dados não são registados pelos Census de 2001, os últimos disponíveis, pelo que não havia dados detalhados sobre esta matéria.
Assim sendo, para mapear a distribuição populacional no período diurno, “consideram-se os usos do solo que correspondem aos principais tipos de actividades - comércio, indústria, serviços - , bem como os movimentos pendulares inter-concelhios efectuados por razões de trabalho e de estudo, de forma a aproximar a situação que se verifica num dia útil típico”.
Os investigadores português e austríaco tiveram de combinar a cartografia já existente sobre susceptibilidade de inundação por tsunami com um novo modelo de distribuição espácio-temporal da população,numa análise realizada com recurso a um sistema de informação geográfica (SIG).
Os resultados preliminares deste trabalho, que será amanhã apresentado na “VIII International Conference on Information Systems for Crisis Response and Management” (ISCRAM 2011), em Lisboa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), indicam que há um “número significativo de pessoas que reside, trabalha ou estuda em zonas susceptíveis de inundação em caso de tsunami”. Este corresponde a oito por cento da população residente na AML e a 16 por cento da distribuição populacional diurna.
O período diurno é aquele que apresenta maior risco, visto que são 400 mil as pessoas potencialmente expostas a este fenómeno natural, enquanto durante a noite esse valor reduz-se para metade. Além disso, este aumento populacional é mais significativo nas zonas de susceptibilidade elevada, o que corresponde a um factor de aumento superior a 2,5 vezes.Estudo útil à Protecção Civil
A Protecção Civil é, na opinião de Sérgio Freire, uma das entidades que mais pode beneficiar deste estudo, pois “uma melhor caracterização de exposições e vulnerabilidades humanas e, consequentemente, do risco” pode ser "uma grande contribuição” para se desenharem o planeamento de emergência, a mitigação do risco e a resposta a uma ocorrência. Além disso, estes dados podem ser úteis nos domínios do planeamento e ordenamento do território, para estudos ambientais e de saúde e em matéria de defesa e segurança nacional.
O investigador do e-Geo lembrou que o número de pessoas situadas na zona de susceptibilidade “não tem relação directa com o número potencial de vítimas”, pois descobrir este valor exige o recurso a outro tipo de dados e análises, que não foram ainda realizadas. A modelação de Sérgio Freire não contemplou também a população potencialmente afectada por efeitos secundários e indirectos, tais como incêndios, impedimento de vias de comunicação ou perturbação no fornecimento de serviços essenciais como água e electricidade.
Este projecto ainda não está terminado e terá futuros desenvolvimentos, em colaboração com o German Aerospace Center (DLR). Desta forma, serão gerados cenários de evacuação da população, bem como modelação mais pormenorizada da distribuição espácio-temporal da população. Os dados dos Censos 2011, quando estiverem disponíveis, vão também permitir actualizar os resultados até agora anunciados.
Estudo estima população exposta a risco de tsunami em Lisboa
Trabalho inédito de Sérgio Freire pode ter grande utilidade para a Protecção Civil
2011-05-09
Por Carla Sofia Flores
A susceptibilidade de inundação por tsunami adjacente à faixa costeira e às zonas ribeirinhas na Área Metropolitana de Lisboa (AML) é já conhecida e confirmada com várias ocorrências deste fenómeno natural no passado, nomeadamente em 1755, 1756 e1941. No entanto, nunca tinha sido feito um mapeamento e avaliação adequados dos riscos naturais que considerassem a população potencialmente exposta a essa eventualidade.
Sérgio Freire, investigador do Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional (e-GEO), da Universidade Nova de Lisboa, é o autor de um estudo inédito em que se estima a população da AML que pode ser afectada com este fenómeno natural nos períodos nocturno e diurno. Trata-se de um trabalho com grande utilidade no domínio da Protecção Civil, que poderá utilizar a seu favor esta informação "até agora inexistente em Portugal”.
Em declarações ao “Ciência Hoje”, o investigador alertou que, hoje em dia, um fenómeno desta tipologia seria muito mais devastador do que o maremoto de 1755, por exemplo. “Actualmente, Lisboa tem muito mais população”, pelo que “está muito mais gente exposta a esse risco do que em 1755", época em que “não havia tantas actividades nessa área”, advertiu.
Assim sendo, para mapear a distribuição populacional no período diurno, “consideram-se os usos do solo que correspondem aos principais tipos de actividades - comércio, indústria, serviços - , bem como os movimentos pendulares inter-concelhios efectuados por razões de trabalho e de estudo, de forma a aproximar a situação que se verifica num dia útil típico”.
Os investigadores português e austríaco tiveram de combinar a cartografia já existente sobre susceptibilidade de inundação por tsunami com um novo modelo de distribuição espácio-temporal da população,numa análise realizada com recurso a um sistema de informação geográfica (SIG).
Os resultados preliminares deste trabalho, que será amanhã apresentado na “VIII International Conference on Information Systems for Crisis Response and Management” (ISCRAM 2011), em Lisboa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), indicam que há um “número significativo de pessoas que reside, trabalha ou estuda em zonas susceptíveis de inundação em caso de tsunami”. Este corresponde a oito por cento da população residente na AML e a 16 por cento da distribuição populacional diurna.
O período diurno é aquele que apresenta maior risco, visto que são 400 mil as pessoas potencialmente expostas a este fenómeno natural, enquanto durante a noite esse valor reduz-se para metade. Além disso, este aumento populacional é mais significativo nas zonas de susceptibilidade elevada, o que corresponde a um factor de aumento superior a 2,5 vezes.
Sérgio Freire, investigador do Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional (e-GEO), da Universidade Nova de Lisboa, é o autor de um estudo inédito em que se estima a população da AML que pode ser afectada com este fenómeno natural nos períodos nocturno e diurno. Trata-se de um trabalho com grande utilidade no domínio da Protecção Civil, que poderá utilizar a seu favor esta informação "até agora inexistente em Portugal”.
Em declarações ao “Ciência Hoje”, o investigador alertou que, hoje em dia, um fenómeno desta tipologia seria muito mais devastador do que o maremoto de 1755, por exemplo. “Actualmente, Lisboa tem muito mais população”, pelo que “está muito mais gente exposta a esse risco do que em 1755", época em que “não havia tantas actividades nessa área”, advertiu.
O trabalho de Sérgio Freire, em colaboração com Christoph Aubrecht, investigador do Austrian Institute of Technology (Áustria), avaliou os movimentos pendulares, que "variam significativamente” entre o dia e a noite, nos concelhos da AML, por razões de trabalho ou estudo.
A quantidade de pessoas presente no concelho de Lisboa no período diurno chega a ser 60 por cento superior à sua população residente, sendo que a distribuição espacial também varia. Contudo, estes dados não são registados pelos Census de 2001, os últimos disponíveis, pelo que não havia dados detalhados sobre esta matéria.
A quantidade de pessoas presente no concelho de Lisboa no período diurno chega a ser 60 por cento superior à sua população residente, sendo que a distribuição espacial também varia. Contudo, estes dados não são registados pelos Census de 2001, os últimos disponíveis, pelo que não havia dados detalhados sobre esta matéria.
Assim sendo, para mapear a distribuição populacional no período diurno, “consideram-se os usos do solo que correspondem aos principais tipos de actividades - comércio, indústria, serviços - , bem como os movimentos pendulares inter-concelhios efectuados por razões de trabalho e de estudo, de forma a aproximar a situação que se verifica num dia útil típico”.
Os investigadores português e austríaco tiveram de combinar a cartografia já existente sobre susceptibilidade de inundação por tsunami com um novo modelo de distribuição espácio-temporal da população,numa análise realizada com recurso a um sistema de informação geográfica (SIG).
Os resultados preliminares deste trabalho, que será amanhã apresentado na “VIII International Conference on Information Systems for Crisis Response and Management” (ISCRAM 2011), em Lisboa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), indicam que há um “número significativo de pessoas que reside, trabalha ou estuda em zonas susceptíveis de inundação em caso de tsunami”. Este corresponde a oito por cento da população residente na AML e a 16 por cento da distribuição populacional diurna.
O período diurno é aquele que apresenta maior risco, visto que são 400 mil as pessoas potencialmente expostas a este fenómeno natural, enquanto durante a noite esse valor reduz-se para metade. Além disso, este aumento populacional é mais significativo nas zonas de susceptibilidade elevada, o que corresponde a um factor de aumento superior a 2,5 vezes.
Estudo útil à Protecção Civil
A Protecção Civil é, na opinião de Sérgio Freire, uma das entidades que mais pode beneficiar deste estudo, pois “uma melhor caracterização de exposições e vulnerabilidades humanas e, consequentemente, do risco” pode ser "uma grande contribuição” para se desenharem o planeamento de emergência, a mitigação do risco e a resposta a uma ocorrência. Além disso, estes dados podem ser úteis nos domínios do planeamento e ordenamento do território, para estudos ambientais e de saúde e em matéria de defesa e segurança nacional.
O investigador do e-Geo lembrou que o número de pessoas situadas na zona de susceptibilidade “não tem relação directa com o número potencial de vítimas”, pois descobrir este valor exige o recurso a outro tipo de dados e análises, que não foram ainda realizadas. A modelação de Sérgio Freire não contemplou também a população potencialmente afectada por efeitos secundários e indirectos, tais como incêndios, impedimento de vias de comunicação ou perturbação no fornecimento de serviços essenciais como água e electricidade.
Este projecto ainda não está terminado e terá futuros desenvolvimentos, em colaboração com o German Aerospace Center (DLR). Desta forma, serão gerados cenários de evacuação da população, bem como modelação mais pormenorizada da distribuição espácio-temporal da população. Os dados dos Censos 2011, quando estiverem disponíveis, vão também permitir actualizar os resultados até agora anunciados.
A Protecção Civil é, na opinião de Sérgio Freire, uma das entidades que mais pode beneficiar deste estudo, pois “uma melhor caracterização de exposições e vulnerabilidades humanas e, consequentemente, do risco” pode ser "uma grande contribuição” para se desenharem o planeamento de emergência, a mitigação do risco e a resposta a uma ocorrência. Além disso, estes dados podem ser úteis nos domínios do planeamento e ordenamento do território, para estudos ambientais e de saúde e em matéria de defesa e segurança nacional.
O investigador do e-Geo lembrou que o número de pessoas situadas na zona de susceptibilidade “não tem relação directa com o número potencial de vítimas”, pois descobrir este valor exige o recurso a outro tipo de dados e análises, que não foram ainda realizadas. A modelação de Sérgio Freire não contemplou também a população potencialmente afectada por efeitos secundários e indirectos, tais como incêndios, impedimento de vias de comunicação ou perturbação no fornecimento de serviços essenciais como água e electricidade.
Este projecto ainda não está terminado e terá futuros desenvolvimentos, em colaboração com o German Aerospace Center (DLR). Desta forma, serão gerados cenários de evacuação da população, bem como modelação mais pormenorizada da distribuição espácio-temporal da população. Os dados dos Censos 2011, quando estiverem disponíveis, vão também permitir actualizar os resultados até agora anunciados.
______________________________________
União Europeia quer combater perda de biodiversidade
Foram ontem apresentadas seis medidas que deverão ser cumpridas até 2020
2011-05-04
A Comissão Europeia apresentou ontem, em Bruxelas, uma estratégia para melhorar o estado de biodiversidade na Europa durante os próximos dez anos. Esta pretende implantar um maior controlo das espécies invasoras que estão na origem da perda de biodiversidade, como explicou Janez Potočnik , comissário europeu para o Meio Ambiente.Na Europa, “a biodiversidade está em crise com a extinção de espécies a atingir níveis elevados”. Muitos ecossistemas estão a degradar-se ao ponto de “já não serem capazes de proporcionar a grande variedade de elementos dos quais dependemos – desde água e ar limpos até à polinização de culturas”.O comissário considera que esta “degradação” representa uma “enorme perda tanto a nível social como económico”. A polinização por insectos, por exemplo, que está em acentuado declínio, tem um valor económico estimado em 15 mil milhões de euros por ano na União Europeia (EU). A nível global, diz Potočnik , “a situação não é menos preocupante”.A estratégia adoptada, além de se destacar pelo controlo de espécies invasivas, apresenta outras medidas importantes. A eficaz implementação da legislação já existente e de uma rede de protecção das reservas naturais é um dos pontos essenciais.A UE quer também “melhorar e restaurar ecossistemas e promover o uso da infra-estruturas verdes”, garantir a “sustentabilidade da agricultura e das actividades florestais”, salvaguardar e “proteger os stocks de peixe europeus” e intensificar a contribuição __________________________________
União Europeia quer combater perda de biodiversidade
Foram ontem apresentadas seis medidas que deverão ser cumpridas até 2020
2011-05-04
A Comissão Europeia apresentou ontem, em Bruxelas, uma estratégia para melhorar o estado de biodiversidade na Europa durante os próximos dez anos. Esta pretende implantar um maior controlo das espécies invasoras que estão na origem da perda de biodiversidade, como explicou Janez Potočnik , comissário europeu para o Meio Ambiente.
Na Europa, “a biodiversidade está em crise com a extinção de espécies a atingir níveis elevados”. Muitos ecossistemas estão a degradar-se ao ponto de “já não serem capazes de proporcionar a grande variedade de elementos dos quais dependemos – desde água e ar limpos até à polinização de culturas”.
O comissário considera que esta “degradação” representa uma “enorme perda tanto a nível social como económico”. A polinização por insectos, por exemplo, que está em acentuado declínio, tem um valor económico estimado em 15 mil milhões de euros por ano na União Europeia (EU). A nível global, diz Potočnik , “a situação não é menos preocupante”.
A estratégia adoptada, além de se destacar pelo controlo de espécies invasivas, apresenta outras medidas importantes. A eficaz implementação da legislação já existente e de uma rede de protecção das reservas naturais é um dos pontos essenciais.
A UE quer também “melhorar e restaurar ecossistemas e promover o uso da infra-estruturas verdes”, garantir a “sustentabilidade da agricultura e das actividades florestais”, salvaguardar e “proteger os stocks de peixe europeus” e intensificar a contribuição
__________________________________
Cientistas querem chegar ao manto terrestre nos próximos dez anos
Nos próximos cinco anos serão analisadas três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para perfurações
2011-04-01
Na revista «Nature», a propósito do 50º aniversário do Mohone, os investigadores Damon Teagle, da Universidade de Southampton (Reino Unido) e Benoît Ildefonse, da Universidade de Montpellier (França), afirmaram que as tecnologias de hoje já permitem realizar perfurações para serem obtidas amostras do manto da Terra. Os trabalhos poderiam desenrolar-se no espaço de uma década.
O manto é a camada que se encontra entre a crosta e o núcleo e que constitui a maior parte do planeta (vai de 30 a 60 quilómetros abaixo dos continentes, mas apenas seis abaixo dos oceanos, até ao núcleo, que se encontra a 2890 quilómetros). A sua análise seria muito importante para se conhecer melhor as origens e a evolução do planeta.
A ideia da investigação partiu de um grupo de geocientistas, em 1957. Patrocinado por uma comissão especial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, o projecto Mohole tinha como objectivo perfurar a crosta debaixo do mar até se chegar ao manto. Foram realizados, em 1961, cinco buracos na costa da Ilha de Guadalupe (México), mas só foi possível alcançar 183 metros de profundidade, o terço do desejado. Ainda assim, as amostras revelaram-se valiosas, fornecendo informações sobre o Mioceno.
Depois do perfurador, que utilizava diamantes para conseguir furar a rocha, se ter partido, o projecto foi abandonado pelos financiadores. Agora, os cientistas querem recuperá-lo e anunciaram já que durante os próximos cinco anos vão realizar medições em três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para futuras perfurações, as costas do Havai, da Baixa Califórnia (México) e da Costa Rica.
Este projecto vai utilizar, possivelmente, uma tecnologia japonesa chamada Chikyu. Os investigadores afirmam que será preciso muito dinheiro para levar a cabo as experiências, mas “não tanto como enviar um foguetão à Lua”.
______________________________A ideia da investigação partiu de um grupo de geocientistas, em 1957. Patrocinado por uma comissão especial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, o projecto Mohole tinha como objectivo perfurar a crosta debaixo do mar até se chegar ao manto. Foram realizados, em 1961, cinco buracos na costa da Ilha de Guadalupe (México), mas só foi possível alcançar 183 metros de profundidade, o terço do desejado. Ainda assim, as amostras revelaram-se valiosas, fornecendo informações sobre o Mioceno.
Depois do perfurador, que utilizava diamantes para conseguir furar a rocha, se ter partido, o projecto foi abandonado pelos financiadores. Agora, os cientistas querem recuperá-lo e anunciaram já que durante os próximos cinco anos vão realizar medições em três localizações do Oceano Pacífico que poderão servir para futuras perfurações, as costas do Havai, da Baixa Califórnia (México) e da Costa Rica.
Este projecto vai utilizar, possivelmente, uma tecnologia japonesa chamada Chikyu. Os investigadores afirmam que será preciso muito dinheiro para levar a cabo as experiências, mas “não tanto como enviar um foguetão à Lua”.
A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou os resultados do satélite GOCE. As medições tiveram uma precisão inédita das variações da gravidade da Terra. Segundo os avanços feitos pela agência, o nosso planeta não é assim tão redondo e está cheio de defeitos.
A missão está financiada até 2012, mas dada a sua excepcional exactidão, os investigadores estão a tentar uma extensão até 2014, já que o satélite está dotado de um pequeno motor de propulsão iónico que permite guardar uma altitude constante e dispõe ainda de combustível suficiente para aumentar o prazo.
A imagem transmitida mostra um tipo de esfera ideal de um oceano global livre das influências das marés e correntes, é a mais perfeita representação da variação do campo de gravidade no planeta e fundamental para o estudo da circulação dos oceanos, alterações no nível do mar e a dinâmica das placas de gelo, todas afectadas pelas mudanças climáticas. Em amarelo estão as áreas onde o satélite mediu uma maior aceleração da gravidade, enquanto em azul estão as regiões com menor aceleração.
“Está na hora de usar os dados do GOCE na ciência e em aplicações e estou particularmente excitado com os primeiros resultados oceanográficos”, disse o professor Reiner Rummel, ex-chefe do Instituto de Astronomia e Física Geodésica da Technische Universität München, onde a ESA realiza seu quarto seminário internacional sobre as aplicações do satélite.
O GOCE irá fornecer padrões dinâmicos da topografia e circulação dos oceanos com qualidade e resolução inéditas. Os resultados ajudarão a melhorar a percepção da dinâmica dos oceanos do mundo. Dois anos em órbita resultaram num modelo único do geóide – a superfície de um oceano global, num cenário de ausência de marés ou corrente, definido exclusivamente pela gravidade.
Novos avanços
O geoide do GOCE pode ajudar a fazer novos avanços sobre os oceanos e o clima, além da compreensão sobre a estrutura interna da Terra. Os dados do satélite sobre a gravidade, por exemplo, podem auxiliar a formar um maior entendimento sobre os processos que causam terramotos como o que atingiu o Japão recentemente. Como o abalo foi causado pelo movimento de placas tectónicos sob a superfície do mar, ele não pode ser observado directamente do espaço, mas os tremores deixam "assinaturas" nos dados sobre a gravidade que podem ser usados para identificar os processos que levam à ocorrência desses desastres naturais e, eventualmente, ajudar a prevê-los.
Lançado em Março de 2009, o GOCE já recolheu mais de 12 meses de dados sobre o campo de gravidade terrestre. A missão do GOCE é pioneira em vários pontos na ciência de observação da Terra. Tem seis acelerómetros altamente sensíveis que medem a gravidade em três dimensões e tem o primeiro gradiómetro a ir para o espaço.
O satélite também orbita o planeta na mais baixa altitude entre os satélites de observação de forma a conseguir os melhores dados sobre a gravidade da Terra. Além disso, usa um inovador motor de iões que gera pequenas forças para compensar a desaceleração provocada pela sua passagem pelas camadas restantes da atmosfera
_________________________________
Produção alimentar ameaçada por alterações climáticas
FAO considera impacto “potencialmente catastrófico”
2011-04-01
“Lidar com alterações de longo prazo depois de serem realidade não faz muito sentido. Temos de apoiar a agricultura já hoje no mundo em desenvolvimento para nos tornarmos mais resistentes”, disse Müller.
Alterações na temperatura, precipitação, pestes e doenças podem reduzir a produção, deixando particularmente vulneráveis países que dependem de importações alimentares. A FAO sugere uma série de medidas para assegurar a segurança alimentar, nomeadamente o desenvolvimento de variedades de alimentos básicos melhor adaptadas às condições climáticas futuras.
O material genético de plantas deve ser analisado tendo em vista as exigências futuras e novos recursos genéticos vegetais devem ser recolhidos e estudados, dado o risco de poderem vir a desaparecer, recomenda ainda.
Alterações na temperatura, precipitação, pestes e doenças podem reduzir a produção, deixando particularmente vulneráveis países que dependem de importações alimentares. A FAO sugere uma série de medidas para assegurar a segurança alimentar, nomeadamente o desenvolvimento de variedades de alimentos básicos melhor adaptadas às condições climáticas futuras.
O material genético de plantas deve ser analisado tendo em vista as exigências futuras e novos recursos genéticos vegetais devem ser recolhidos e estudados, dado o risco de poderem vir a desaparecer, recomenda ainda.
____________________
Vento pode impedir que as montanhas cresçam
Estudo publicado na GSA Today
2011-03-29
Equipa de investigadores da Universidade de Arizona-led afirmam que o vento é uma força muito mais poderosa na evolução das montanhas do que se pensava.
As alterações climáticas têm um impacto “potencialmente catastrófico” sobre a produção alimentar futura dos países em desenvolvimento, alertou a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) das Nações Unidas.
“Actualmente, o mundo está mais focado em lidar com os impactos de mais curto prazo, causados principalmente por acontecimentos meteorológicos extremos. É absolutamente necessário, mas espera-se que os impactos menos bruscos tragam mudanças mais profundas”, afirmou Alexander Müller, director-geral adjunto da FAO.
Falando na Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, o responsável da organização para os recursos naturais adiantou que o impacto das alterações menos bruscas sobre a agricultura são “potencialmente desastrosos" para a segurança alimentar no período de 2050 a 2100.
“Actualmente, o mundo está mais focado em lidar com os impactos de mais curto prazo, causados principalmente por acontecimentos meteorológicos extremos. É absolutamente necessário, mas espera-se que os impactos menos bruscos tragam mudanças mais profundas”, afirmou Alexander Müller, director-geral adjunto da FAO.
Falando na Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, o responsável da organização para os recursos naturais adiantou que o impacto das alterações menos bruscas sobre a agricultura são “potencialmente desastrosos" para a segurança alimentar no período de 2050 a 2100.
Filtro inovador para purificar água em situações de emergência
Material é composto por papel absorvente e nanopartículas de prata
2011-03-01
Na Ásia Central, na zona de Bedrock onde se poderiam ter formado montanhas, foi tudo reduzido a areia, segundo o autor do estudo, Paulo Kapp. “Ninguém pensou que o vento poderia ser tão eficaz”, afirmou o professor de Geociências. “Não se lê nos livros que o vento é um processo importante em termos de quebra de material rochoso”, acrescentou. Até hoje, apenas os rios e glaciares eram exemplos conhecidos de forças que desgastam montanhas e influenciam a sua evolução.
O trabalho dos investigadores, intitulado ‘Wind erosion in the Qaidam basin, central Asia: implications for tectonics, paleoclimate, and the source of the Loess Plateau’, foi publicado na edição de Abril e Maio da GSA Today.
A equipa estima que o vento pode ser de 10 a 100 vezes mais eficaz na erosão montanhas do que se acreditava anteriormente.
Os geocientistas descobriram que o vento pode esculpir rochas através do estudo de gigantescas cristas de rocha formadas pelo vento, chamadas de yardangs.
A investigação inicial da equipa foi realizada através de mapas geológicos da região e imagens de satélite do Google Earth. Então Kapp e sua equipa foram até à Bacia Qaidam, na Ásia Central, para recolher mais informações sobre yardangs, a história da erosão do vento e da poeira.
“Consideramos que, durante os glaciais, quando é mais frio e seco, há uma erosão do vento severa na bacia Qaidam e o pó é empurrado e depositado na direcção do Planalto de Loess”, afirmou Paulo Kapp. O termo ‘loess’ refere-se a depósitos de sedimentos transportados pelo vento. Parte do Midwest, nos EUA, tem grandes depósitos de ‘loess’.
Como explicou o cientista, “até 3000 mil anos atrás, a bacia encheu-se de sedimentos. Então, como um interruptor, o vento virou e os sedimentos na bacia foram soprados para longe”.
Conhecido como o ‘celeiro da China’, o Planalto de Loess é a maior reserva de poeira no planeta Terra. Os cientistas pensavam que a maioria da poeira vinha do deserto de Gobi. Mas Paulo Kapp e colegas sugerem que mais de metade da poeira veio da Bacia de Qaidam. Um dos co-autores do estudo, Pelletier, criou um modelo de computador indicando que a poeira da bacia pode ter formado o planalto.
Actualmente, o vento não tem esses efeitos porque o clima é diferente, explicou Paulo Kapp. Portanto, desde a última Idade do Gelo que terminou há 11 mil anos atrás, os ventos têm soprado a partir do deserto de Gobi em direcção ao Planalto de Loess. Já durante os períodos glaciais, os ventos sopram da bacia Qaidam em direcção ao Planalto de Loess.
De acordo com Derek Gray, investigador do Departamento de Química da universidade canadiana que liderou o estudo, foi a primeira vez que se recorreu ao metal, já utilizado para combater bactérias, para limpar a água de uma forma sistemática.
Um artigo publicado no "Journal of Environmental Science & Technology" indica que a equipa de cientistas revestiu folhas de papel absorvente poroso com uma camada de 5,5 milímetros de nanopartículas de prata.
De seguida, depositaram bactérias vivas e, através de um microscópio electrónico, verificaram que, para além das nanopartículas de prática ficarem retidas no papel, o filtro é capaz de matar quase todas as bactérias e tornar a água potável, de acordo com os padrões estabelecidos pela Agência de Protecção Ambiental Americana (EPA).
Este filtro para a purificação da água não foi concebido para ser utilizado no quotidiano, mas como uma forma de prestar assistência rápida e em pequena escala em situações de emergência. Apesar de ter funcionado no laboratório, Derek Gray alertou para a necessidade de serem feitos testes em campo.
De seguida, depositaram bactérias vivas e, através de um microscópio electrónico, verificaram que, para além das nanopartículas de prática ficarem retidas no papel, o filtro é capaz de matar quase todas as bactérias e tornar a água potável, de acordo com os padrões estabelecidos pela Agência de Protecção Ambiental Americana (EPA).
Este filtro para a purificação da água não foi concebido para ser utilizado no quotidiano, mas como uma forma de prestar assistência rápida e em pequena escala em situações de emergência. Apesar de ter funcionado no laboratório, Derek Gray alertou para a necessidade de serem feitos testes em campo.
_______________________
O mau tempo do dia 15 de Fevereiro obrigou a que o roteiro da visita de estudo arranjado pelo curso de gestão do Ambiente fosse um pouco alterado. O roteiro passou a incluir como ponto de paragem um lugar classificado como uma das 7 Maravilhas de Portugal; a sugestão foi visitar as famosas grutas de Mira de Aire.
* André Antunes, de 18 anos, é aluno do 12º ano da Escola Profissional Agricola Conde de S.Bento, em Braga Num primeiro contacto tímido, mas de grande curiosidade, as turmas do 1º e do 2º ano do curso Técnico de Gestão do Ambiente – curso este que engloba um vasto leque de disciplinas ligadas às boas práticas ambientais, como por exemplo Conservação da Natureza, Ordenamento do Território, Biologia e Geologia etc…- da escola Profissional Agrícola Conde de S.Bento foram entrando para dentro daquilo que é a maior gruta do país.
É a maior gruta turística de Portugal com mais de 11 quilómetros de extensão conhecidos, apenas 600 metros estão abertos ao público. A profundidade máxima da visita é de 110 metros. Foi descoberta por quatro habitantes da vila de Mira de Aire que desceram para procurar água e só foi aberta ao público uns anos mais tarde.Lá dentro a chuva cai, não das nuvens, mas, das pedras húmidas. A água infiltra-se nas fendas do calcário e escorre até á gruta onde depois se precipita para o chão da mesma. No seu interior a temperatura é amena todo o ano permitindo assim, mesmo em tempo de muito frio, que esta permaneça desejavel de se visitar. Da entrada até ao fim do percurso existem inúmeras escadas que proporcionam a oportunidade de que muitos ansiavam para conhecer o interior da terra, esta descida é feita na companhia de luzes e formas que espantam mesmo os menos admiráveis.
A gruta no seu todo, para além de ser um pólo turístico é também um pólo científico, sendo a visita acompanhada por pesquisadores ligados à geologia que lhe descobrem as entranhas e desvendam nomes para caracterizar as bizarras formas que são encontradas pelo caminho fora.
Do tecto da gruta descem estalactites, nascidas dos minerais dissolvidos na água que se infiltra na rocha, são esses mesmos minerais que fazem crescer as estalactites, o que sobra, pinga no chão e dá vida a outra estrutura cavernícola, as estalagmites. Estas crescem de baixo para cima, no entanto o processo é mais lento do que o das estalactites, à média de um milímetro por século.
A vida animal também é comum. Há registos de aranhas e enguias que foram avistadas por turistas. No entanto são pouco frequentes.
A aposta do curso nesta visita foi um mais-valia – “O espanto e excitação, não faltaram, gostei muito.”- afirmação proferida por um dos elementos do curso do 3º ano que não hesitou em expressar a sua opinião, que, no gera,l foi idêntica.
É a maior gruta turística de Portugal com mais de 11 quilómetros de extensão conhecidos, apenas 600 metros estão abertos ao público. A profundidade máxima da visita é de 110 metros. Foi descoberta por quatro habitantes da vila de Mira de Aire que desceram para procurar água e só foi aberta ao público uns anos mais tarde.
A gruta no seu todo, para além de ser um pólo turístico é também um pólo científico, sendo a visita acompanhada por pesquisadores ligados à geologia que lhe descobrem as entranhas e desvendam nomes para caracterizar as bizarras formas que são encontradas pelo caminho fora.
Do tecto da gruta descem estalactites, nascidas dos minerais dissolvidos na água que se infiltra na rocha, são esses mesmos minerais que fazem crescer as estalactites, o que sobra, pinga no chão e dá vida a outra estrutura cavernícola, as estalagmites. Estas crescem de baixo para cima, no entanto o processo é mais lento do que o das estalactites, à média de um milímetro por século.
A vida animal também é comum. Há registos de aranhas e enguias que foram avistadas por turistas. No entanto são pouco frequentes.
A aposta do curso nesta visita foi um mais-valia – “O espanto e excitação, não faltaram, gostei muito.”- afirmação proferida por um dos elementos do curso do 3º ano que não hesitou em expressar a sua opinião, que, no gera,l foi idêntica.
_________________________________________________
Vejam porque não tem alagamento em Tóquio ....
Anualmente uns 25 tufões assolam o território japonês.
Desses, dois ou três atingem Tóquio em cheio,
com chuvas fortíssimas durantre várias horas ou até um dia inteiro.
Mas nem por isso ocorrem enchentes ou alagamentos na cidade.
Por que será? Veja as explicações abaixo.
Subterrâneos de Tóquio
O subsolo de Tóquio alberga uma fantástica infraestrutura cujo aspecto se assemelha ao cenário de um jogo de computador ou a um templo de uma civilização remota. Cinco poços de 32 m de diâmetro por 65 m de profundidade interligados por 64 Km de túneis formam um colossal sistema de drenagem de águas pluviais destinado a impedir a inundação da cidade durante a época das chuvas.
A dimensão deste complexo subterrâneo desafia toda a imaginação. É uma obra de engenharia sofisticadíssima realizada em betão, situada 50 m abaixo do solo, fato extraordinário num país constantemente sujeito a abalos sísmicos e onde quase todas as infraestruturas são aéreas. A sua função é não apenas acumular as águas pluviais como também evacuá-las em direção a um rio, caso seja necessário. Para isso dispõe de 14.000 HP de turbinas capazes de bombear cerca de 200 t de água por segundo para o exterior.
____________________________________________
Manifesto ABGE - Núcleo MGEste documento foi escrito por Cláudia de Sanctis Viana, Edézio Teixeira de Carvalho, Luís Bacellar e Maria Giovana Parizzi, geólogos, presentes na sede da empresa GEOLURB Geologia Urbana e de Reabilitação Ltda, à avenida Getúlio Vargas, 668 Sala 1201, em Belo Horizonte, todos geólogos, em reunião secretariada por Fábio Henrique Dias Leite, também geólogo. Participaram da elaboração do documento os também geólogos Eduardo Antonio Gomes Marques, Frederico Garcia Sobreira e Leonardo Andrade de Souza, mediante o envio de contribuições prévias, todos sócios da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental ABGE. Todos estiveram por diversas ocasiões e canais em conexão com a comunidade geológica dos vizinhos estados de São Paulo e Rio de Janeiro acompanhando e participando das confabulações em torno dos catastróficos episódios de deslizamentos de terras, corridas de lama e inundações ocorridos na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, em especial nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis; de inundações que mais uma vez atingiram duramente a capital e outras cidades de São Paulo e cidades da região Sul do Estado de Minas Gerais, atingidas também por grandes inundações.
Manifestam, portanto: Irrestrita solidariedade às comunidades atingidas, pertencentes ou não aos domínios geográficos citados; encontram-se em permanente comunhão com todos os esforços em desenvolvimento nos citados centros e em outros espalhados pelo país, que objetivem o esclarecimento da sociedade brasileira a respeito de aspectos geológicos condicionantes ou determinantes dessas ocorrências catastróficas; participam da tomada de posição em relação a eventuais omissões de órgãos de governo que tenham contribuído para a maior gravidade das consequências; encaminham sua contribuição em direção a drásticas mudanças nos procedimentos das autoridades da União, Estados e Municípios em relação à gestão do RISCO GEOLÓGICO em suas diversas manifestações.
Estando cientes de que episódios como os aqui tratados ocorrem regularmente no território brasileiro, de longa data, inclusive já com cobertura abundante da imprensa, a exemplo dos de 1966/67, atingindo o Rio de Janeiro e a região serrana fluminense, os signatários não reconhecem relação de causa e efeito necessária entre mudanças globais do tipo aquecimento antrópico e esses episódios.
Reconhecem, todavia, como fatores do aumento da gravidade das conseqüências desses episódios:
• O crescimento rápido da população urbana em parte proveniente de migrações interregionais;
• os procedimentos eminentemente burocráticos dos processos de parcelamento e uso do solo, baseados em legislação inadequada e em parte na inobservância ou equivocada interpretação da lei;
• a ausência quase total de serviços geológicos contínuos nas esferas estaduais e municipais;
• as graves deficiências de formação cultural básica, caracterizadas por generalidades de natureza ambiental sem fundamentação geológica;
• o profundo desencontro entre a Humanidade e a Terra, proveniente dessas deficiências, que impedem a consideração de que esta é constituída de componentes permanente (arcabouço mineral), transitório (flora e fauna) e itinerante (água), cada um deles idealmente devendo ter tratamentos inerentes a suas naturezas e estados de agregação;
• Em relação ao componente itinerante acima, a gestão urbana da água praticamente reduzida às dimensões suprimento e drenagem, impedindo a exploração de possibilidades geológicas fecundas
• as graves carências de cunho sócio-econômico de grande parte da população;
Diante do acima exposto, e considerando as amplas possibilidades de contribuição do conhecimento geológico para que sejam drasticamente reduzidas as graves perdas materiais e humanas que acidentes geológicos previsíveis têm provocado, resolvem, assim, propor à sociedade brasileira em geral e às autoridades públicas em particular, dos poderes legislativo, executivo e judiciário, no que couber a cada um, as seguintes medidas:
1) Determinação de remoção, em prazo a ser tecnicamente definido, de assentamentos geologicamente considerados inviáveis, com reassentamento em áreas reconhecidas como seguras em estudos geológicos adequados nos termos da Lei 6766/79;
2) Implantação de intervenções geotécnicas e de urbanização nas áreas onde as situações de risco forem passíveis de minimização
3) Estabelecimento, em lei, de indenização em rito sumário por morte comprovada em acidente geológico, tomando por referência os níveis de indenização praticados internacionalmente, e por perdas materiais igualmente comprovadas indenização em rito normal, baseando-se em valores de mercado, e condicionada à comprovação de inexistência de dolo por parte dos postulantes, sujeito às penas da lei;
4) Revisão da legislação de ordenamentos territoriais, especialmente do Código Florestal, quanto à sua aplicação ao meio urbano, considerada incompatível com a natureza particular da Cidade, em especial por dispensar e até impedir a aplicação contextualizada do conhecimento geológico, além de gerar a formação de corpos de água potencialmente insalubres e estimuladores da propagação de vetores;
5) Implantação de um sistema nacional de controle do risco geológico centrado no governo Federal, com ramificações estaduais e municipais vinculadas, à semelhança do Sistema Único de Saúde SUS, do qual constem, obrigatoriamente, pelo menos:
a) Programa articulado entre União, Estados e Municípios de levantamento geral de todos os documentos da cartografia temática relacionada, existentes no Brasil, Estados e Municípios e sua catalogação e geração de arquivos digitais para consulta de modo a comporem um banco de dados acessível aos encarregados de estudos locais;
b) Organização de banco de dados meteorológicos, climatológicos, de cartografia básica e temática em escalas reais apropriadas aos estudos regionais e locais, tornando-os, não importa sua fonte geradora, exceto os de confidencialidade garantida por lei, disponíveis para a consulta técnica local;
c) Estabelecimento de linhas de pesquisa geral ou vinculadas a particularidades regionais em programas de cooperação com universidades e centros de pesquisa conforme as suas vocações naturais e qualificação dos respectivos recursos humanos;
d) Criação de serviços geológicos estaduais; nos moldes dos já existentes, criação e aparelhamento de departamentos relacionados ao risco geológico conforme as suas manifestações regionais vinculadas aos aspectos geológicos, fisiográficos, vegetais e climáticos;
e) Garantia a todos os municípios de pequeno porte territorial e de população, por agrupamentos municipais, do serviço geológico local em permanente conexão técnico-científica com o serviço federal e o estadual.
Finalmente os signatários conferem o necessário realce ao caráter complementar e organicamente integrado das medidas propostas, inclusive a indenização em rito sumário, cada uma delas essencial ao melhor êxito do programa em benefício da população brasileira.
Belo Horizonte, 16 de fevereiro de 2010
Cláudia de Sanctis Viana
Edézio Teixeira de Carvalho
Eduardo Antonio Gomes Marques
Frederico Garcia Sobreira
Leonardo Andrade de Souza
Luís Bacellar
Maria Giovana Parizzi
Fábio Henrique Dias Leite – Secretário
_____________________________________
Vem chuva grossa aí
Nada melhor para prevenir o futuro, do que entender o passado. Foi olhando para o histórico de aumento de temporais e nevascas extremas no Hemisfério Norte que cientistas puderam concluir que a maior incidência está intimamente ligada ao aquecimento global. Logo, tem mão do homem aí.
O estudo, publicado na renomada revista científica Nature, indica ainda que os modelos aplicados podem estar subestimando a força das mudanças climáticas nos níveis de chuva. O que significa que as enchentes podem se intensificar além do previsto, caso a temperatura siga aumentando no ritmo em que está.
O estudo, publicado na renomada revista científica Nature, indica ainda que os modelos aplicados podem estar subestimando a força das mudanças climáticas nos níveis de chuva. O que significa que as enchentes podem se intensificar além do previsto, caso a temperatura siga aumentando no ritmo em que está.
Deslizamentos sucessivos de terra após temporal atípico matam quase 900 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011. Foto: Greenpeace/Lunaé Parracho
A proteção que vem das matas
Em viagem pelo interior do Brasil, engenheiro florestal vê sequência de paisagens devastadas e explica porque as florestas são essenciais para a segurança da população.
Em verde, o que sobrou de floresta: a região jà perdeu cerca de 70% da mata.
Poucas semanas antes da tragédia na região serrana, Miguel Milano cruzou o Brasil do Sul ao Nordeste, por estradas do interior. Foi de férias. Mas para um engenheiro florestal de 30 anos de carreira, a paisagem não passa despercebida. “Vi uma seqüência de morros pelados, rios sem florestas nas margens, raros remanescentes de florestas extremamente depauperadas”, lista o doutor em ciências florestais que lecionou na Universidade Federal do Paraná e na Colorado State University. “A degradação é generalizada”.
Em entrevista ao Greenpeace, o ex-diretor executivo da Fundação Boticário de Proteção à Natureza e criador dos congressos brasileiros de Unidades de Conservação fala de como as matas são fundamentais para a proteção dos solos, do clima e da própria população. Principalmente em margens de rios e encostas de morros. “As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são uma questão de segurança pública”.
Qual foi o roteiro da sua viagem?
Saí de Curitiba [Paraná], passei por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais até chegar à Bahia. Foram três dias na ida, três na volta. Rodei pouco mais de cinco mil quilômetros, pegando estradas pelo interior. Na volta, desci pelo interior do Espírito Santo mas tive que voltar pelo litoral, porque em Santa Maria de Jetibá [Espírito Santo] as chuvas já provocavam enchentes com quedas de barreiras, pontes submersas e rodovias bloqueadas.
O que você viu pelo caminho?
Fui de férias. Mas quando você sai de férias e tem 30 anos de experiência e estudo não consegue passar batido por certas coisas. Vi uma seqüência de morros pelados, rios sem florestas nas margens, muita área degradada, raros remanescentes de florestas extremamente depauperadas em fazendas de evidente baixíssima produtividade. Vi morro com tanta erosão que mais parecia bola de sorvete derretendo no sol, e isso ainda antes das chuvas, na viagem de ida. Imagine o que é agora. Onde ainda tem um pouco de floresta, de mata, ela provavelmente vai dar lugar ao gado, como é possível ver em algumas regiões da Bahia. A degradação é generalizada, e tudo resultado do uso errado, além de excessivo, ao longo do tempo. Aquilo tudo é um contrato com a desgraça, senão hoje, amanhã.
Nos municípios da região serrana do Rio onde centenas de pessoas morreram e a produção agrícola foi prejudicada, cerca de 70% da mata nativa já não existe. O que isso tem a ver com os deslizamentos e enchentes?
Tem tudo a ver. Quando chove demais, a falta de vegetação natural, ainda mais em regiões naturalmente instáveis como as encostas de serra, piora tudo e as conseqüências são mais graves. A cobertura florestal dá uma enorme proteção ao solo. Primeiramente interceptando a chuva e reduzindo seu impacto sobre o solo. Depois, reduzindo a velocidade tanto de escoamento superficial quanto de infiltração no solo, isto devido aos diferentes estratos de vegetação viva e também à camadas de folhas e galhos mortos. E por fim, tem as raízes que ajudam a estruturar e segurar o solo e também blocos de rochas em áreas de declives acentuados. A vegetação traz um equilíbrio fantástico.
Nas áreas desmatadas, há muito mais escorrimento superficial, que provoca erosão, assim como um mais rápido encharcamento do solo, que quando saturado tende a deslizar na forma de quedas de barreiras. Isso tudo leva ao assoreamento dos rios, que favorece a ocorrência das enchentes e as perdas que já conhecemos: humanas e materiais. Não tenho dúvidas de que uma avaliação criteriosa na região afetada certamente indicará que as áreas mais atingidas, mesmo que eventualmente com florestas, têm desmatamentos acima, dos lados ou danos severos na base da encosta. Isto sem mencionar que, potencialmente, parte importante do desastre está associado a áreas de preservação permanente de rios não respeitadas. É muito mais difícil esses “acidentes” acontecerem em locais com cobertura vegetal nativa, pelo menos nestas proporções.
Com as mudanças climáticas, a manutenção das florestas nessas áreas torna-se ainda mais necessário?
A tendência das mudanças climáticas é de maior ocorrência de eventos extremos, cheias mais intensas e também mais secas intensas. A combinação entre chuvas mais fortes e áreas desmatadas com certeza vai gerar mais tragédias como essa. O Código Florestal teve a felicidade de criar mecanismos como a Reserva Legal e as Áreas de Preservação Permanente (APP), ímpares no mundo, exigindo a manutenção das florestas. As APPs são uma questão de segurança pública, seja no meio rural ou no meio urbano.
Além da proteção que as matas oferecem ao solo, ainda tem a questão das emissões por desmatamento, os serviços ambientais...
As florestas proporcionam vários fatores de estabilidade para o ambiente como um todo. Uma árvore grande, por exemplo, pode transpirar até 200 ou mesmo 250 litros de água por dia. De onde vem a água? Do solo. E para onde vai? Para a atmosfera. Se começa a haver um desmatamento exagerado, o regime das chuvas é afetado. Se tem árvore, tem transpiração, e isso faz bem para o clima e para a própria agricultura, que precisa de chuva. Os ruralistas que querem mudar o Código Florestal deviam é pagar para manter a floresta de pé e assim manter regimes de chuva minimamente estáveis, que é condição essencial à viabilidade do seu próprio negócio, o agronegócio. Precisamos das florestas para ter estabilidade no ambiente. E a outra questão, da emissão, é mais óbvia ainda. Em pé, as matas capturam e estocam carbono. Derrubadas, não só deixam de prestar este serviço como emitem carbono, alimentando o ciclo das mudanças climáticas.
É necessário mudar o Código Florestal?
Muito antes de pensar em mudar o Código Florestal, penso que a sociedade tem de exigir o seu cumprimento. Não é possível perdoar o passivo ambiental criado por quem não a cumpriu e ainda flexibilizar uma lei que é fundamental para a segurança de todos. Isso não faz sentido no tempo em que estamos vivendo. Além disso, há uma outra questão: a de se apresentar e discutir a proposta de revisão do código florestal como uma questão rural, que não tem nada a ver como o meio urbano. Isso é uma falácia, que só interessa quem quer rasgar a lei. O código florestal, tal como existe hoje, respeitado no meio rural é uma segurança para o meio urbano, onde vivem mais de 80% dos brasileiros, e evitaria muita da tragédia que estamos vivenciando. Dizer o contrário é tentar rasgar e pisar na lei em benefícios de uns poucos, e prejuízo da absoluta maioria da nossa população.
__________________________________________________________________________
A receita de uma tragédia
Desmatamentos e ocupação de áreas que deveriam ser preservadas, somados às chuvas cada dia mais intensas, são a combinação perfeita para o drama das enchentes.
Nova Friburgo (RJ) - O bairro de Duas Pedras ficou destruído com as fortes chuvas que atingiram o município de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Valter Campanato / ABr
Pouco mais de mil quilômetros separam o palco das enchentes e Brasília, arena onde deputados ligados ao agronegócio batalham por mudanças drásticas no Código Florestal brasileiro. Por esta estrada cruzamos alguns dos mais de 100 municípios em situação de emergência ou calamidade pública no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na paisagem, dois dos biomas brasileiros mais desmatados: a Mata Atlântica, que perdeu 93% de sua cobertura florestal, e o Cerrado, devastado pela metade.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da ONG SOS Mata Atlântica, na última década, o ritmo de desmatamento da Mata Atlântica se manteve em torno de 34 mil hectares ao ano, uma área equivalente a quase 350 mil campos de futebol de mata nativa. No Rio de Janeiro, estado mais castigado pelas chuvas, mais de 80% de floresta já foi desmatado.
Também segundo o INPE, os últimos 60 anos foram de aumento gradativo da intensidade das águas. Chuvas acima de 50 mm por dia, algo raro até a década de 1950, hoje ocorrem entre duas a cinco vezes por ano na cidade de São Paulo, por exemplo. No dia de maior temporal em Nova Friburgo foram 182,8 mm, o que equivale a dizer que para cada metro quadrado, quase 183 litros de água caíram do céu. Em Teresópolis foram 124,6 mm de chuva.
“Eventos extremos, que tendem a aumentar por conta das mudanças climaticas, têm sido cada vez mais freqüentes e intensos. Se há dúvidas sobre como lidar com o problema, existe ao menos a certeza de que a solução não é a derrubada de mais floresta”, diz Nicole Figueiredo, coordenadora da Campanha de Clima do Greenpeace.
Enquanto isto, em Brasília, os deputados ruralistas insistem em transfigurar a legislação florestal. É o caso das Áreas de Preservação Permanente (APP), cuja função é proteger margens de rios, encostas e topos de morros, garantindo a estabilidade geológica e a proteção do solo. Se depender da turma da motosserra, algumas faixas de APP serão reduzidas até pela metade. A proteção de beira de rios com larguras de até cinco metros, por exemplo, passariam dos atuais 30 metros para 15. Ficariam liberados para ocupação também os topos de morro, montes, montanhas e serra e áreas de várzea.
Para visualizar o resultado do ideário da motosserra, basta olhar as imagens da tragédia da região serrana. Aos pés de morros lambidos pela terra, o fruto deste tipo de ocupação e do desmatamento de áreas que deveriam ser preservadas, à revelia do que hoje prevê o Código Florestal, é de pura destruição.
“A legislação florestal existe com um propósito claro, o de assegurar o bem-estar da população. É por questão de segurança que há a necessidade de proteger o solo e os rios”, diz Rafael Cruz, da campanha de Florestas do Greenpeace. “As alterações são propostas pela bancada ruralista são irresponsáveis”, complementa.
O Brasil tem mais de 40 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente ocupadas irregularmente, uma área equivalente ao estado de Minas Gerais. Muitas destas regiões desmatadas estão em municípios que hoje estão em calamidade pública como Petrópolis e Teresópolis, que já perderam 70% de sua cobertura florestal, e São João do Vale do Rio Preto, com quase 80% desmatados.
A bancada ruralista também espera conceder ampla anistia a quem desmatou até 2008, o que inclui as APPs. “A proposta segue na contramão da necessidade de recuperação de regiões frágeis, seja nas cidades, ou em áreas rurais, responsáveis pela produção de alimentos e o abastecimento de água para as áreas urbanas”, completa Rafael Cruz.
________________________________________________-
TRAGÉDIAS: O OBJETIVO DEVE SER ELIMINAR O RISCO
Ao dar atenção prioritária, por verbo e verbas, aos sistemas de alerta pluviométrico, governantes
dos três níveis revelam um perigoso desvio do que deveria ser o foco estratégico principal dos
programas voltados a evitar tragédias geológicas como as que têm ocorrido desde há muito em
nossas cidades serranas.
Os sistemas de alerta sobre a iminência de chuvas intensas, incluindo indispensavelmente o
treinamento da população, são necessários. Porém, se esse for o foco principal das ações de governo
por certo estará revelando a adoção de uma estratégia de administração do risco, uma temerária
acomodação frente ao que é essencial: reassentar os moradores de áreas de alto e muito alto risco
em áreas seguras e implementar, com base nas Cartas Geotécnicas, uma rígida regulação técnica da
expansão urbana, não permitindo de forma alguma a ocupação de áreas geologicamente impróprias
para tanto.
Um parêntesis, internacionalmente o riscos geológico e geotécnico é classificados em quatro
categorias, segundo seu grau de periculosidade: baixo, médio, alto e muito alto.
Da mesma forma, não cabe também de forma alguma a alternativa de se manter a população
em áreas de alto e muito alto risco com base em obras de engenharia nas encostas. Esse seria
um enorme erro técnico de abordagem do problema e consumiria todos os recursos disponíveis
sem gerar resultados confiáveis e abrangentes. Ainda que aqueles que adoram tirar vantagem de
desgraças defendam essa insanidade geotécnica e financeira. A consolidação geotécnica de encostas
só faz sentido em áreas de baixo e médio grau de risco.
Para atender as necessidades de reassentamento de famílias e de sua própria expansão urbana,
nossas cidades serranas, frente à natural escassez de áreas geologicamente para tanto apropriadas,
devem agir criativa e ousadamente. Duas alternativas devem desde já ser estimuladas: a intensa
verticalização de áreas geologicamente apropriadas e a procura, com base em Cartas Geotécnicas,
de boas áreas dentro do território municipal, ainda que externas ao atual perímetro urbano. Nessas
boas áreas deverão ser projetados novos bairros, mas então de forma correta desde seu início, ou
seja, modelares planos urbanísticos e com Códigos de Obra especificamente elaborados para as
condições do meio físico local.
Nascerão dessa iniciativa a Nova Teresópolis, a Nova Nova Friburgo, a Nova Campos do
Jordão..., que por sua beleza e segurança tornar-se-ão monumentos à inteligência e ousadia de suas
populações.
Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)
• Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia
• Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da
Serra do Mar”, “Cubatão” e “Diálogos Geológicos”
• Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente
dos três níveis revelam um perigoso desvio do que deveria ser o foco estratégico principal dos
programas voltados a evitar tragédias geológicas como as que têm ocorrido desde há muito em
nossas cidades serranas.
Os sistemas de alerta sobre a iminência de chuvas intensas, incluindo indispensavelmente o
treinamento da população, são necessários. Porém, se esse for o foco principal das ações de governo
por certo estará revelando a adoção de uma estratégia de administração do risco, uma temerária
acomodação frente ao que é essencial: reassentar os moradores de áreas de alto e muito alto risco
em áreas seguras e implementar, com base nas Cartas Geotécnicas, uma rígida regulação técnica da
expansão urbana, não permitindo de forma alguma a ocupação de áreas geologicamente impróprias
para tanto.
Um parêntesis, internacionalmente o riscos geológico e geotécnico é classificados em quatro
categorias, segundo seu grau de periculosidade: baixo, médio, alto e muito alto.
Da mesma forma, não cabe também de forma alguma a alternativa de se manter a população
em áreas de alto e muito alto risco com base em obras de engenharia nas encostas. Esse seria
um enorme erro técnico de abordagem do problema e consumiria todos os recursos disponíveis
sem gerar resultados confiáveis e abrangentes. Ainda que aqueles que adoram tirar vantagem de
desgraças defendam essa insanidade geotécnica e financeira. A consolidação geotécnica de encostas
só faz sentido em áreas de baixo e médio grau de risco.
Para atender as necessidades de reassentamento de famílias e de sua própria expansão urbana,
nossas cidades serranas, frente à natural escassez de áreas geologicamente para tanto apropriadas,
devem agir criativa e ousadamente. Duas alternativas devem desde já ser estimuladas: a intensa
verticalização de áreas geologicamente apropriadas e a procura, com base em Cartas Geotécnicas,
de boas áreas dentro do território municipal, ainda que externas ao atual perímetro urbano. Nessas
boas áreas deverão ser projetados novos bairros, mas então de forma correta desde seu início, ou
seja, modelares planos urbanísticos e com Códigos de Obra especificamente elaborados para as
condições do meio físico local.
Nascerão dessa iniciativa a Nova Teresópolis, a Nova Nova Friburgo, a Nova Campos do
Jordão..., que por sua beleza e segurança tornar-se-ão monumentos à inteligência e ousadia de suas
populações.
Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)
• Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia
• Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da
Serra do Mar”, “Cubatão” e “Diálogos Geológicos”
• Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente
_______________________________________________________________________
matéria veiculada no jornal Estadão de autoria do ex- presidente da ABGE, Geólogo Luiz F. Vaz:
A tragédia que se abateu sobre a Região Serrana do Rio de Janeiro foi violenta e destruidora, mas não é um caso isolado ou fortuito. Em março de 1967 fenômeno semelhante aconteceu próximo a Caraguatatuba, ceifando 120 vidas e deixando a água do mar suja até hoje. Pouco antes, em janeiro, fora a vez da Serra das Araras, ao longo da Via Dutra, e, apesar de ter ocorrido sobre áreas predominantemente rurais, levou 1.200 vidas.
Esses dois eventos destruidores ocuparam uma área elíptica, com cerca de 30 km de extensão máxima. Se tivessem como centro a Via Anchieta, teriam interrompido todas as ligações São Paulo-Santos, incluindo as linhas de transmissão, dutos e cabos. Felizmente, não houve outros de tal magnitude, mas desastres similares atingiram a região de Cubatão em 1985 e 1994. Em 2000, uma única corrida de lama manteve uma pista da Anchieta fechada por mais de 50 dias. Casos de proporções semelhantes ocorreram na região de Blumenau-Itajaí em 2008, na de Angra dos Reis em 2009 e, anteriormente, em Petrópolis, Rio de Janeiro e vários outros locais. Essa pequena lista mostra que os deslizamentos são fenômenos recorrentes, variando apenas a sua gravidade.
O mecanismo desses deslizamentos segue o mesmo padrão: alguns meses consecutivos de chuvas contínuas, não necessariamente fortes, seguidos por um período concentrado de precipitações muito fortes; os vazios da camada de solo ficam saturados pelas chuvas contínuas, reduzindo a resistência do solo; como a água da chuva forte não tem como se infiltrar, escorre pela superfície, transformando o solo em lama e carregando árvores e blocos de rocha. Esse processo é conhecido como corrida de lama, pela alta velocidade do deslizamento, que pode chegar a algumas dezenas de quilômetros por hora.
Estudos desenvolvidos pelos geólogos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) há mais de 20 anos, e mais recentemente pelo Instituto Geológico, ambos do governo paulista, conseguem identificar o volume de chuva acumulado que propicia a deflagração de escorregamentos, determinam as áreas de risco e elaboram sistemas de alerta. Trabalho semelhante desenvolvido pela prefeitura de Santos, ao tempo em que uma geóloga ocupava uma das secretarias da cidade, permitiu que tanto em Cubatão como em Santos eventos desse tipo fossem antecipados e medidas de prevenção, adotadas.
A falta de instrumentos legais, porém, dificulta a prevenção. Não há lei que obrigue o morador a desocupar seu imóvel, exceto em caso de risco iminente. Ora, definir risco iminente é difícil quando se lida com fenômenos naturais e, na prática, ninguém pode ser removido das chamadas áreas de risco sem o seu consentimento. Uma ação do Ministério Público, quando cabível, demanda de 10 a 20 anos para ser concluída. Nos casos de Cubatão e Santos, um trabalho de conscientização e treinamento da população e a utilização de monitores da própria comunidade permitiu a adoção de medidas de prevenção.
Apesar das lições anteriores, tanto de deslizamentos funestos como de iniciativas bem-sucedidas, nunca foi formulada nenhuma política ou diretriz sobre o assunto. Mesmo com a grande maioria dos processos de deslizamento diretamente associados às condições geológicas, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão federal encarregado de estudos geológicos e hidrológicos, nunca recebeu a missão (nem verbas) de desenvolver trabalhos de prevenção, exceto em alguns casos localizados.
Os serviços de defesa civil tampouco estão preparados para atender a situações de calamidade. Sua organização é predominantemente transitória, contam com recursos reduzidos e, principalmente, não dispõem de base legal para atuar e assumir o comando em caso de desastres naturais. O despreparo é geral, basta constatar que, na serra fluminense, o socorro só chegou vários dias depois e ainda hoje depende da ação de voluntários. Em pleno caos, o governo, numa medida demagógica, prometeu a liberação do FGTS. Dinheiro é sempre bem-vindo. Mas as pessoas ilhadas nas comunidades serranas do Rio precisavam de água, comida, energia, acesso, comunicação, limpeza e, depois, de dinheiro.
Após os violentos desastres naturais e também os induzidos pelo homem nos últimos anos, principalmente o vazamento de petróleo no Golfo do México, nota-se uma tendência a substituir a política estratégica de longo prazo das grandes potências, voltada para os conflitos armados entre nações e grupos, por políticas de prevenção contra os efeitos das mudanças climáticas. Depois que fomos assolados, na última década, por uma série de terremotos violentos, tsunamis destruidores e enchentes formidáveis, as atividades de defesa civil estão sendo consideradas o foco da ação dos governos nas próximas décadas.
Até hoje não há evidências suficientes para afirmar que a ação antrópica seja responsável pelo aumento da temperatura. A Terra sofre mudanças climáticas alternando períodos frios e quentes. Há cerca de 120 mil anos houve um período de frio intenso, com o gelo avançando até os trópicos, resultando num abaixamento do nível do mar da ordem de cem metros. Esse período, que durou alguns milhares de anos, extinguiu muitas espécies e, aparentemente, teria sido responsável por eliminar a maioria dos nossos ancestrais, reduzidos a um grupo muito pequeno, conforme indicam as variações do DNA.
Seja devido à nossa voracidade por energia ou aos caprichos da Terra, o fato insofismável é que nosso planeta está aquecendo. Esse processo levará à elevação do nível dos oceanos e, além das ameaças às cidades e aos países à beira-mar, terá influência sobre o clima. Enfrentar as mudanças climáticas radicais e sobreviver a elas está se tornando a principal preocupação dos planejadores, de tal sorte que este século será, provavelmente, considerado o século da defesa civil.
Vamos fazer a nossa parte, começando pela legislação e pela organização da área de prevenção de desastres naturais!
Luiz. F. Vaz
Professor do Institudo de Geociências da UNICAMP
A tragédia que se abateu sobre a Região Serrana do Rio de Janeiro foi violenta e destruidora, mas não é um caso isolado ou fortuito. Em março de 1967 fenômeno semelhante aconteceu próximo a Caraguatatuba, ceifando 120 vidas e deixando a água do mar suja até hoje. Pouco antes, em janeiro, fora a vez da Serra das Araras, ao longo da Via Dutra, e, apesar de ter ocorrido sobre áreas predominantemente rurais, levou 1.200 vidas.
Esses dois eventos destruidores ocuparam uma área elíptica, com cerca de 30 km de extensão máxima. Se tivessem como centro a Via Anchieta, teriam interrompido todas as ligações São Paulo-Santos, incluindo as linhas de transmissão, dutos e cabos. Felizmente, não houve outros de tal magnitude, mas desastres similares atingiram a região de Cubatão em 1985 e 1994. Em 2000, uma única corrida de lama manteve uma pista da Anchieta fechada por mais de 50 dias. Casos de proporções semelhantes ocorreram na região de Blumenau-Itajaí em 2008, na de Angra dos Reis em 2009 e, anteriormente, em Petrópolis, Rio de Janeiro e vários outros locais. Essa pequena lista mostra que os deslizamentos são fenômenos recorrentes, variando apenas a sua gravidade.
O mecanismo desses deslizamentos segue o mesmo padrão: alguns meses consecutivos de chuvas contínuas, não necessariamente fortes, seguidos por um período concentrado de precipitações muito fortes; os vazios da camada de solo ficam saturados pelas chuvas contínuas, reduzindo a resistência do solo; como a água da chuva forte não tem como se infiltrar, escorre pela superfície, transformando o solo em lama e carregando árvores e blocos de rocha. Esse processo é conhecido como corrida de lama, pela alta velocidade do deslizamento, que pode chegar a algumas dezenas de quilômetros por hora.
Estudos desenvolvidos pelos geólogos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) há mais de 20 anos, e mais recentemente pelo Instituto Geológico, ambos do governo paulista, conseguem identificar o volume de chuva acumulado que propicia a deflagração de escorregamentos, determinam as áreas de risco e elaboram sistemas de alerta. Trabalho semelhante desenvolvido pela prefeitura de Santos, ao tempo em que uma geóloga ocupava uma das secretarias da cidade, permitiu que tanto em Cubatão como em Santos eventos desse tipo fossem antecipados e medidas de prevenção, adotadas.
A falta de instrumentos legais, porém, dificulta a prevenção. Não há lei que obrigue o morador a desocupar seu imóvel, exceto em caso de risco iminente. Ora, definir risco iminente é difícil quando se lida com fenômenos naturais e, na prática, ninguém pode ser removido das chamadas áreas de risco sem o seu consentimento. Uma ação do Ministério Público, quando cabível, demanda de 10 a 20 anos para ser concluída. Nos casos de Cubatão e Santos, um trabalho de conscientização e treinamento da população e a utilização de monitores da própria comunidade permitiu a adoção de medidas de prevenção.
Apesar das lições anteriores, tanto de deslizamentos funestos como de iniciativas bem-sucedidas, nunca foi formulada nenhuma política ou diretriz sobre o assunto. Mesmo com a grande maioria dos processos de deslizamento diretamente associados às condições geológicas, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão federal encarregado de estudos geológicos e hidrológicos, nunca recebeu a missão (nem verbas) de desenvolver trabalhos de prevenção, exceto em alguns casos localizados.
Os serviços de defesa civil tampouco estão preparados para atender a situações de calamidade. Sua organização é predominantemente transitória, contam com recursos reduzidos e, principalmente, não dispõem de base legal para atuar e assumir o comando em caso de desastres naturais. O despreparo é geral, basta constatar que, na serra fluminense, o socorro só chegou vários dias depois e ainda hoje depende da ação de voluntários. Em pleno caos, o governo, numa medida demagógica, prometeu a liberação do FGTS. Dinheiro é sempre bem-vindo. Mas as pessoas ilhadas nas comunidades serranas do Rio precisavam de água, comida, energia, acesso, comunicação, limpeza e, depois, de dinheiro.
Após os violentos desastres naturais e também os induzidos pelo homem nos últimos anos, principalmente o vazamento de petróleo no Golfo do México, nota-se uma tendência a substituir a política estratégica de longo prazo das grandes potências, voltada para os conflitos armados entre nações e grupos, por políticas de prevenção contra os efeitos das mudanças climáticas. Depois que fomos assolados, na última década, por uma série de terremotos violentos, tsunamis destruidores e enchentes formidáveis, as atividades de defesa civil estão sendo consideradas o foco da ação dos governos nas próximas décadas.
Até hoje não há evidências suficientes para afirmar que a ação antrópica seja responsável pelo aumento da temperatura. A Terra sofre mudanças climáticas alternando períodos frios e quentes. Há cerca de 120 mil anos houve um período de frio intenso, com o gelo avançando até os trópicos, resultando num abaixamento do nível do mar da ordem de cem metros. Esse período, que durou alguns milhares de anos, extinguiu muitas espécies e, aparentemente, teria sido responsável por eliminar a maioria dos nossos ancestrais, reduzidos a um grupo muito pequeno, conforme indicam as variações do DNA.
Seja devido à nossa voracidade por energia ou aos caprichos da Terra, o fato insofismável é que nosso planeta está aquecendo. Esse processo levará à elevação do nível dos oceanos e, além das ameaças às cidades e aos países à beira-mar, terá influência sobre o clima. Enfrentar as mudanças climáticas radicais e sobreviver a elas está se tornando a principal preocupação dos planejadores, de tal sorte que este século será, provavelmente, considerado o século da defesa civil.
Vamos fazer a nossa parte, começando pela legislação e pela organização da área de prevenção de desastres naturais!
Luiz. F. Vaz
Professor do Institudo de Geociências da UNICAMP
_______________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
O que falta para a prevenção de enchentes
ÁLVARO RODRIGUES DOS SANTOS
É preciso eliminar a fonte original dos problemas com as chuvas: a total ausência de regulação técnica adequada do nosso crescimento urbano
Mal começaram as chuvas do verão 2010/2011 e as enchentes voltam a atormentar a vida dos moradores da metrópole paulistana. Diante dos anualmente repetidos relatórios oficiais dando conta de variadas realizações de programas de combate às enchentes e da realidade crua, mostrando a todos que não houve nenhuma melhora substancial na extensão e na intensidade das enchentes, há que se perguntar: o que falta realmente para que a metrópole seja aliviada desse absurdo flagelo?
Fundamentalmente, e essa deveria ser a primeira e principal providência de qualquer programa de combate às enchentes, é preciso parar de errar. Às escâncaras dessa desgraça toda, a metrópole continua a crescer cometendo os mesmos crassos erros que estão na origem das enchentes e em sua contínua intensificação.
Entre eles estão a prevalência da cultura da impermeabilização e a expansão da mancha urbana por espalhamento horizontal sobre regiões progressivamente mais montanhosas, desmatando, produzindo áreas planas por terraplenagem, expondo solos a violentos processos erosivos, com geração anual de milhões de metros cúbicos de sedimentos que, por assoreamento, comprometem drasticamente a capacidade de vazão de nossos rios, córregos e drenagens construídas.
Essa é a equação básica das enchentes, volumes crescentemente maiores de água, em tempos sucessivamente menores, sendo escoados para drenagens naturais e construídas progressivamente incapazes de lhes dar vazão.
Essa é a realidade, e não haverá milagre tecnológico que conseguirá algum bom resultado sem que se elimine a fonte original de nosso enorme problema: total ausência de uma regulação técnica adequada do crescimento urbano. Ou seja, antes de mais nada, é preciso que as maiores autoridades públicas estaduais e municipais deem um sonoro tapa na mesa e imponham a elementar decisão: "A partir de hoje, paramos de errar!".
Com essa essencial decisão tomada, cabe então inteligentemente agir sobre o enorme passivo urbano acumulado, consequência dos erros até então insensatamente cometidos, e isso implica dar continuidade às ações estruturais de ampliação da capacidade de vazão de nossos principais rios, com seu permanente desassoreamento.
Implica também a profusa implementação de ações não estruturais, voltadas a aumentar a capacidade de retenção de águas de chuva em toda a metrópole.
Destacam-se entre essas ações: a desimpermeabilização dos espaços urbanos públicos e privados; a instalação de pequenos e médios reservatórios domésticos e empresariais de acumulação e infiltração; o intenso plantio de médios e pequenos bosques florestados; e o rigoroso e extensivo combate à erosão nas frentes de expansão urbana, assim como o combate ao lançamento irregular de lixo e entulho.
Por fim, precisamos conceber um plano de combate às enchentes que tenha articulação metropolitana, o que possibilita a reunião de todas as iniciativas sob diretrizes técnicas e gerenciais comuns.
ÁLVARO RODRIGUES DOS SANTOS, geólogo, é consultor em geologia de engenharia, geotecnia e meio ambiente. Foi diretor de Planejamento e Gestão do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e diretor da divisão de geologia. É autor, entre outras obras, de "Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática".
___________________________________________________________________________
Se o homem semeia vento... colhe tempestade!
Se você joga lixo nas ruas... colhe enchente!
Se você desmata encostas... colhe deslizamento!
O único responsável pelo que acontece a você... é você mesmo!
Pare de desmatar encostas para construir em áreas de riscos e irregulares! A natureza vai cobrar caro de você e sua família... sempre!
Se o homem semeia vento... colhe tempestade!
Se você joga lixo nas ruas... colhe enchente!
Se você desmata encostas... colhe deslizamento!
O único responsável pelo que acontece a você... é você mesmo!
Pare de desmatar encostas para construir em áreas de riscos e irregulares! A natureza vai cobrar caro de você e sua família... sempre!
_____________________________________________________________________________
EM QUALQUER DÚVIDA DAS ATENDENTES PROCURE PELA SRA. TANIA QUE É A RESPONSÁVEL.
DESDE O INICIO DO MÊS OS VALORES ESTÃO ACERTADOS.
NA MATRICULA NÃO TEM DESCONTO
MAS A MESANSALIDADE EX-ALUNOS TEM 10% O QUE FAZ COM QUE A MENSALIDADE SEJA A MESMA
PAGA NO 6 º SEMESTRE.
PROCUREM FAZER A MATRICULA LOGO NO INICIO DE JANEIRO PARA QUE TENHAMOS
O NÚMERO MINIMO ATINGIDO O MAIS BREVE POSSIVEL..
________________________________________________________________________
Chuva de pássaros mortos no Arkansas
Peixes de uma única espécie também apareceram sem vida
2011-01-03
No primeiro dia do ano, mais de cem mil peixes apareceram mortos no Rio Arkansas, perto de Ozark, depois de uma chuva de pássaros mortos ter afectado a cidade de Beebe, também naquele estado norte-americano. Alguns peixes já foram recolhidos para serem analisados.
Foi aberta uma investigação para apurar a “chuva de aves” – tordos-sargentos e pássaros-pretos-da-asa-vermelha. Recorde-se que um tornado atingiu na passada sexta-feira o noroeste do estado do Arkansas, nos EUA, provocando pelo menos três mortos e vários feridos. O tornado derrubou vários postes eléctricos, deixando sem energia milhares de casas e estabelecimentos comerciais e está a ser investigada a relação entre este acontecimento e a morte dos pássaros.
Foi aberta uma investigação para apurar a “chuva de aves” – tordos-sargentos e pássaros-pretos-da-asa-vermelha. Recorde-se que um tornado atingiu na passada sexta-feira o noroeste do estado do Arkansas, nos EUA, provocando pelo menos três mortos e vários feridos. O tornado derrubou vários postes eléctricos, deixando sem energia milhares de casas e estabelecimentos comerciais e está a ser investigada a relação entre este acontecimento e a morte dos pássaros.
De acordo com a comissão de caça e pesca do Arkansas, a chuva de pássaros terá começado na noite de fim de ano, com os serviços municipais a contabilizarem mais de um milhar de aves nas ruas de Beebe. O jornal «Arkansas Times» avança, como alternativa, que os pássaros poderão ter sido atingidos por granizo a altitude elevada. Entre outras teorias, surge também a possibilidade de que o fogo-de-artifício da passagem do ano tenha surpreendido as aves enquanto voavam.
No entanto, isso não explica o que aconteceu com os peixes, que curiosamente apenas foram de uma só espécie, o que sugere que não se terá tratado de qualquer intoxicação devido a descargas poluentes.
As autoridades adiantam ainda que os dois fenómenos, que aconteceram a uma distância de 200 quilómetros um do outro, não estão relacionados. Em 2010, as tempestades e tornados causaram 39 vítimas mortais nos Estados Unidos, cinco das quais no estado de Arkansas.
No entanto, isso não explica o que aconteceu com os peixes, que curiosamente apenas foram de uma só espécie, o que sugere que não se terá tratado de qualquer intoxicação devido a descargas poluentes.
As autoridades adiantam ainda que os dois fenómenos, que aconteceram a uma distância de 200 quilómetros um do outro, não estão relacionados. Em 2010, as tempestades e tornados causaram 39 vítimas mortais nos Estados Unidos, cinco das quais no estado de Arkansas.
______________________________________________________________________
Propagação de pó na atmosfera segue padrão das partículas de um copo partido
Estudo publicado na PNAS dá novas pistas para a análise das alterações climáticas
2010-12-30
As partículas de pó emitidas para a atmosfera têm um papel importante no controlo da energia solar e, consequentemente, no clima. As mais pequenas reflectem a radiação solar, reencaminhando-a para o espaço e arrefecendo o planeta. As maiores (do diâmetro de um cabelo humano) prendem a radiação ao solo, ou seja, reforçam o efeito de estufa.
Num artigo publicado agora na «PNAS», o investigador norte-americano Jasper Kok diz que estas partículas, chamadas aerossóis, emitidas para a atmosfera seguem um padrão de propagação semelhante ao dos fragmentos de vidros partidos. Afirma também que deve haver mais partículas grandes do que pequenas.
Num artigo publicado agora na «PNAS», o investigador norte-americano Jasper Kok diz que estas partículas, chamadas aerossóis, emitidas para a atmosfera seguem um padrão de propagação semelhante ao dos fragmentos de vidros partidos. Afirma também que deve haver mais partículas grandes do que pequenas.
Os aglomerados de partículas de pó no solo comportam-se de mesma forma que os vidros que se espalham quando um copo cai ao chão, diz o investigador do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, responsável pelo estudo.
Conhecer este padrão pode ajudar a estabelecer um quadro mais claro de como a poeira atmosférica afecta o clima. Kok defende que há mais partículas de poeira na atmosfera do que se pensava.
A investigação centrou-se nas partículas suspensas, os aerossóis minerais. O impacto destas ocorre através da interacção com as nuvens, com os ecossistemas e com a radiação em si, e representa uma incerteza quando se fala de alterações climáticas. “Uma das causas dessa incerteza reside no facto da distribuição de aerossóis ser mal compreendido”, diz o investigador.
As partículas maiores (silte) são emitidas quando os grãos de areia são arrastados no solo, levantando a sujidade e emitindo fragmentos para o ar que podem ter o tamanho de 50 micrómetros de diâmetro, aproximadamente o tamanho de um cabelo humano. Estas caem para o solo após uns dias. Quanto maior for a partícula, maior é a tendência de haver um efeito de aquecimento da atmosfera.
As mais pequenas (argila) permanecem na atmosfera durante mais tempo, uma semana, circulando pelo mundo, e exercem uma influência de arrefecimento ao reflectir o sol. A investigação indica que as partículas maiores existem em maior quantidade do que aquela que é apresentada nos modelos climáticos. Os cientistas que estudam o clima calibram os modelos para simular o número real de partículas de argila na atmosfera. Mas o estudo sugere que os modelos enganam-se quando se trata da quantidade de partículas de silte.
Ajustar a sua quantidade nos modelos computacionais poderá gerar melhores projecções sobre o futuro do clima principalmente nas regiões desérticas.
Os resultados do estudo sugerem também que os ecossistemas marinhos, que atraem o dióxido de carbono, podem receber muito mais ferro das partículas que andam no ar do que se pensava. O ferro aumenta a actividade biológica para benefício das cadeias alimentares marinhas. Além de influenciar a quantidade de calor solar na atmosfera, as partículas também são depositadas na acumulação de neve nas montanhas, onde absorvem o calor e aceleram o degelo.
Artigo: A scaling theory for the size distribution of emitted dust aerosols suggests climate models underestimate the size of the global dust cycle
Conhecer este padrão pode ajudar a estabelecer um quadro mais claro de como a poeira atmosférica afecta o clima. Kok defende que há mais partículas de poeira na atmosfera do que se pensava.
A investigação centrou-se nas partículas suspensas, os aerossóis minerais. O impacto destas ocorre através da interacção com as nuvens, com os ecossistemas e com a radiação em si, e representa uma incerteza quando se fala de alterações climáticas. “Uma das causas dessa incerteza reside no facto da distribuição de aerossóis ser mal compreendido”, diz o investigador.
As partículas maiores (silte) são emitidas quando os grãos de areia são arrastados no solo, levantando a sujidade e emitindo fragmentos para o ar que podem ter o tamanho de 50 micrómetros de diâmetro, aproximadamente o tamanho de um cabelo humano. Estas caem para o solo após uns dias. Quanto maior for a partícula, maior é a tendência de haver um efeito de aquecimento da atmosfera.
As mais pequenas (argila) permanecem na atmosfera durante mais tempo, uma semana, circulando pelo mundo, e exercem uma influência de arrefecimento ao reflectir o sol. A investigação indica que as partículas maiores existem em maior quantidade do que aquela que é apresentada nos modelos climáticos. Os cientistas que estudam o clima calibram os modelos para simular o número real de partículas de argila na atmosfera. Mas o estudo sugere que os modelos enganam-se quando se trata da quantidade de partículas de silte.
Ajustar a sua quantidade nos modelos computacionais poderá gerar melhores projecções sobre o futuro do clima principalmente nas regiões desérticas.
Os resultados do estudo sugerem também que os ecossistemas marinhos, que atraem o dióxido de carbono, podem receber muito mais ferro das partículas que andam no ar do que se pensava. O ferro aumenta a actividade biológica para benefício das cadeias alimentares marinhas. Além de influenciar a quantidade de calor solar na atmosfera, as partículas também são depositadas na acumulação de neve nas montanhas, onde absorvem o calor e aceleram o degelo.
Artigo: A scaling theory for the size distribution of emitted dust aerosols suggests climate models underestimate the size of the global dust cycle
________________________________________________________________________________
ESA divulga mapa-mundo mais detalhado
Nova cartografia pode ajudar a prever catástrofes naturais
2010-12-30
Um novo mapa da superfície terrestre, com a cartografia mais detalhada até agora, está à disposição do público e pode ser consultado gratuitamente através do portal do projecto GlobCover. Foi desenvolvido pela Agência Espacial Europeia em colaboração com a Universidade Católica de Lovaina, na Bélgia, e apresenta uma grande resolução, dez vezes superior à de outros.
Este mapa poderá ajudar os cientistas a estudar os efeitos das mudanças climáticas e
Este mapa poderá ajudar os cientistas a estudar os efeitos das mudanças climáticas e
Um novo mapa da superfície terrestre, com a cartografia mais detalhada até agora, está à disposição do público e pode ser consultado gratuitamente através do portal do projecto GlobCover. Foi desenvolvido pela Agência Espacial Europeia em colaboração com a Universidade Católica de Lovaina, na Bélgia, e apresenta uma grande resolução, dez vezes superior à de outros.
Este mapa poderá ajudar os cientistas a estudar os efeitos das mudanças climáticas e será também uma ferramenta útil para estimar a perda de biodiversidade no planeta. Além disso, poderá aumentar a capacidade da comunidade internacional na resolução de catástrofes naturais ou crises humanitárias, disponibilizando informação que pode ajudar a prever situações de emergência.
Este mapa poderá ajudar os cientistas a estudar os efeitos das mudanças climáticas e será também uma ferramenta útil para estimar a perda de biodiversidade no planeta. Além disso, poderá aumentar a capacidade da comunidade internacional na resolução de catástrofes naturais ou crises humanitárias, disponibilizando informação que pode ajudar a prever situações de emergência.
A cartografia foi criada a partir de dados obtidos ao longo de 2009 pelo satélite Envisat, que foi lançado no espaço em 2002, através do instrumento MERIS - Medium Resolution Imaging Spectrometer.
As Nações Unidas participaram neste projecto através da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa do Meio Ambiente.
______________________________________________________________________
A estrutura de controlo da água distribuída pela EPAL, responsável pelo abastecimento a 2,8 milhões de pessoas da Grande Lisboa, vem substituir um laboratório que desde 1933 funcionava "provisoriamente" na Calçada dos Barbadinhos, na zona de Santa Apolónia, Lisboa.
As Nações Unidas participaram neste projecto através da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa do Meio Ambiente.
______________________________________________________________________
Novo laboratório vai aumentar a segurança do consumo de água
Estrutura foi inaugurada hoje na capital
2010-12-17
O novo laboratório de controlo da água da Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL), hoje inaugurado, vai permitir o acompanhamento da qualidade da água em novos parâmetros que não eram analisados nas anteriores instalações, "aumentando a segurança no consumo", disse a ministra do Ambiente.A estrutura de controlo da água distribuída pela EPAL, responsável pelo abastecimento a 2,8 milhões de pessoas da Grande Lisboa, vem substituir um laboratório que desde 1933 funcionava "provisoriamente" na Calçada dos Barbadinhos, na zona de Santa Apolónia, Lisboa.
Na cerimónia de inauguração do laboratório, a ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, disse que "era evidente" que as instalações dos Barbadinhos "já comprometiam o bom desempenho e a boa implementação dos conhecimentos técnicos".
A inauguração do novo laboratório, que já funciona desde Setembro, "permite que sejam desenvolvidas novas valências que nas anteriores instalações não era possível desenvolver", avançou ainda aos jornalistas, afirmando que "tudo isto hoje tem níveis de controlo que vão dar mais segurança à água".
A ministra referia-se "à análise dos produtos que estão em contacto com a água, desde tubagens, válvulas, bombas e produtos químicos que são usados no tratamento". As novas instalações "já albergam os equipamentos que permitem que o nosso país tenha um elevadíssimo controlo da qualidade da água", referiu Dulce Pássaro.
Num investimento de 14 milhões de euros, o novo laboratório está "mais bem equipado e preparado" e tem "mais capacidade para responder a todos os desafios que se ponham na gestão da qualidade da água", disse o presidente da EPAL, João Fidalgo.
"O que melhorámos é a garantia de que a qualidade da água é permanentemente bem defendida", continuou. Localizado nos Olivais, a estrutura foi desenhada pelo arquitecto Gonçalo Byrne e é o primeiro passo da centralização dos serviços da EPAL naquela zona da capital.
A inauguração do novo laboratório, que já funciona desde Setembro, "permite que sejam desenvolvidas novas valências que nas anteriores instalações não era possível desenvolver", avançou ainda aos jornalistas, afirmando que "tudo isto hoje tem níveis de controlo que vão dar mais segurança à água".
A ministra referia-se "à análise dos produtos que estão em contacto com a água, desde tubagens, válvulas, bombas e produtos químicos que são usados no tratamento". As novas instalações "já albergam os equipamentos que permitem que o nosso país tenha um elevadíssimo controlo da qualidade da água", referiu Dulce Pássaro.
Num investimento de 14 milhões de euros, o novo laboratório está "mais bem equipado e preparado" e tem "mais capacidade para responder a todos os desafios que se ponham na gestão da qualidade da água", disse o presidente da EPAL, João Fidalgo.
"O que melhorámos é a garantia de que a qualidade da água é permanentemente bem defendida", continuou. Localizado nos Olivais, a estrutura foi desenhada pelo arquitecto Gonçalo Byrne e é o primeiro passo da centralização dos serviços da EPAL naquela zona da capital.
Pontapé de saída ao Ano Internacional das Florestas
Ciência Viva marca inauguração com apresentação de iniciativas
2011-02-01
Com a ajuda de investigadores, estudantes do ensino básico e secundário do Fundão, Vila Velha de Ródão, Ferreira do Zêzere, Sobreira Formosa e Montemor-o-Velho serão desafiados a descobrir os fungos que vivem na floresta e a provar frutos do bosque e petiscos da Biodiversidade Florestal.
«Um bosque perto de si!» é um projecto Ciência Viva que tem como objectivo levar os mais novos a visitar e estudar os ecossistemas florestais da sua região. Durante este evento, será feita a apresentação do projecto que desde o ano passado já envolveu 2500 alunos.
A sessão de abertura contará com as presenças do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Rui Pedro Barreiro, do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, do presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, João Paulo Catarino, da presidente da Agência Ciência Viva, Rosália Vargas, e do presidente da Comissão Nacional da UNESCO, Fernando Andresen Guimarães.
_________________________________________
Austrália em alerta máximo devido a enorme ciclone
Meteorologistas avisam que tempestade é mais perigosa do que Katrina
2011-02-02
Nova Iorque (EUA) e Proença-a-Nova vão estar ligadas, a partir de amanhã, pelo mesmo acontecimento: o lançamento do Ano Internacional das Florestas (AIF). O corrente 2011 foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o ano por excelência de sensibilização da sociedade mundial para a importância destes ecossistemas na preservação do planeta.
A sessão de abertura portuguesa decorrerá no Centro Ciência Viva da Floresta, em Proença-a-Nova, às 15h. Será ainda apresentada, em primeira mão, a página oficial do AIF, que ao longo do ano será alimentada com as actividades desenvolvidas, no nosso país, no âmbito desta iniciativa.
As autoridades australianas declararam hoje o estado de alerta máximo devido à chegada, ao leste do país, do ciclone de categoria cinco – "Yasi" –, considerado pelos que pode ser a tempestade mais perigosa já vista em gerações, rivalizando com o Katrina (2005).
O ciclone tropical foi elevado à categoria cinco, com ventos superiores a 250 quilómetros por hora, enquanto se aproxima da populosa costa nordeste do país, que acaba de se recuperar de gigantescas inundações. O Instituto de Meteorologia avisou que a tempestade deve chegar à região na noite de hoje ou na amanhã de manhã.
As autoridades informaram que moradores e turistas da costa nordeste australiana já tem estado a ser retirados e a receber ordens para deixarem as suas casas. O hospital da cidade de Cairns já efectuou a transferência de mais de 250 pacientes, com ajuda de um avião militar.
O ciclone "Yasi" está sobre o Mar do Coral, frente à costa nordeste da Austrália, rumo ao estado de Queensland, chegando à terra pelas 22h, hora local (hora de Lisboa). Estima-se que chegue ao litoral entre Cairns, cidade de 122 mil habitantes, e Innisfail, povoado por dez mil habitantes, a cem quilómetros, ao sul de Cairns.
Já 300 mil pessoas já abandonaram as suas casas e outras 300 mil estão ameaçadas pelas chuvas torrenciais e ventos de 280 quilómetros por hora, sempre a aumentar, provocados pelo "Yasi".
Já 300 mil pessoas já abandonaram as suas casas e outras 300 mil estão ameaçadas pelas chuvas torrenciais e ventos de 280 quilómetros por hora, sempre a aumentar, provocados pelo "Yasi".